domingo, 28 de fevereiro de 2010

SER

SER

Prof Prim

As dimensões do ser e fazer constroem a história
São riquezas essenciais que mantêm o seu valor
Dia após dia, de ato em ato, erguem a glória
Pujantes qual fortaleza, mostram seu esplendor
Há os que se empolgam e dão preferência ao ter
Acumulando riquezas materiais, sem fronteira
Pensam que a vida vale pelo que conseguem obter
Com isso se embrutecem trabalhando a vida inteira
Não que possamos abrir mão de ter o necessário
Pois o corpo, em vida, precisa de sustento material
Porém, para com os que nada têm sejamos solidários
Assim prosperará a felicidade no plano existencial
Homens construindo humanidade para todos de uma forma igual
Sem fome, sem miséria, sem injustiça.
Que tal?

DISCURSO DE CANDIDATO

DISCURSO DE CANDIDATO

Prof Prim

1) CANDIDATO A VEREADOR
Na Câmara Municipal, vou trabalhar de forma firme para que a Prefeitura viabilize projetos que venham a solucionar os problemas cotidianos das pessoas, tais como: saneamento básico; educação; segurança; moradia; emprego e saúde.
2) CANDIDATO A PREFEITO
Decidi lançar-me candidato a Prefeito da minha cidade para executar as obras necessárias de saneamento básico; educação; segurança; moradia; emprego e saúde, que tentei viabilizar como Vereador, mas não tive o respaldo necessário da Administração Municipal.
3) CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL
Quero ser o deputado do povo para fazer o Governo Estadual a desenvolver as políticas necessárias que atendam às necessidades de todos os municípios do meu Estado no tocante a saneamento básico; educação; segurança; moradia; emprego e saúde. Como Prefeito da minha cidade,tentei viabilizar obras nessas áreas, mas não obtive o apoio necessário da Assembléia Legislativa para alocar verbas orçamentárias para que a Prefeitura pudesse realizar tais obras.
4) CANDIATO A GOVERNADOR
Já fui Vereador, Prefeito da minha cidade e o Deputado Estadual mais votado da última legislatura. Sempre lutei por causas justas em benefício do povo. Quero ser o seu Governador para resgatar a esperança da minha gente e dar a todos uma vida digna. As prioridades do meu governo vão ser o saneamento básico; educação; segurança; moradia; emprego e saúde. Na Assembléia Legislativa apresentei vários projetos de grande interesse social para as cidades do meu Estado. Infelizmente não receberam a devida atenção por parte do Governo do Estado. Por essa razão, peço o seu voto de confiança para ser o seu Governador. Uma vez eleito, quero ser o melhor Governador que este Estado já teve.
5) CANDIDATO AO CONGRESSO NACIONAL (Deputado Federal ou Senador)
Quero ser o seu representante no Congresso Nacional. Vou defender causas justas que venham trazer mais qualidade de vida para o povo sofrido do meu Estado. Saneamento básico; educação; moradia; segurança; emprego e saúde serão as minhas prioridades. Trago a experiência de quatro mandatos. Já fui Vereador, Prefeito, Deputado Estadual e Governador. Vou lutar com vigor para viabilizar os mais altos interesses da minha gente. Quando Governador fizemos muitas coisas, mas me faltou um apoio mais maciço por parte do Congresso Nacional para alocar recursos orçamentários da União para os projetos vitais ao nosso Estado. Por essa razão, peço o seu voto.
6) CANDIDATO A PRESIDENTE
Minha gente. Quero ser o seu Presidente e para isso venho, humildemente, pedir o seu voto. Trago uma experiência de vida que me qualifica para postular a Presidência da República. Já exerci todos os mandatos da vida pública. Fui Vereador, Prefeito, Deputado Estadual, Governador. No Congresso Nacional, apresentei diversos projetos de alto interesse social. Tenho propostas claras sobre todos os problemas que afligem a nação. O meu governo vai priorizar as seguintes áreas: saneamento básico; educação; segurança; moradia; emprego e saúde. No Congresso Nacional ,apresentei vários projetos com o intuito de viabilizar recursos para minimizar os descalabros que afetam a grave realidade da nossa gente. Lamentavelmente, faltou apoio e sensibilidade por parte do Governo para que esses problemas cruciais pudessem ser solucionados. Por essa razão, decidi candidatar-me a Presidente da República. Com o seu voto e, uma vez eleito, terei condições para articular recursos e mobilizar esforços para tirar o povo do meu País do atraso econômico e acabar com a corrupção e injustiças sociais.
7) CONCLUSÃO
Infelizmente, a maioria dos candidatos vendem sonhos e ilusões para seus eleitores. Os eleitores, por omissão, ingenuidade ou ignorância, acreditam que as fantasias e utopias prometidas pelos candidatos podem ser concretizadas, como que por um gesto de mágica. Assim segue a lógica política: candidato, para se eleger, tem que prometer. O povo, coitado, crédulo de que o Papai Noel existe, aceita ser enganado pelos discursos vazios dos postulantes.
Esse mecanismo somente acabará quando, nós eleitores, assumirmos compromissos junto com os nossos representantes de: fiscalizar, cobrar, participar, acompanhar, olhar, cooperar, testemunhar, realizar, observar, avaliar, criticar e votar de forma justa e solidária as coisas de interesse público.
Enfim: Só depende de nós. Papai Noel só existe no imaginário pueril durante as festas natalinas.

FAMÍLIA E ESCOLA - UMA PARCERIA NECESSÁRIA

FAMÍLIA E ESCOLA – UMA PARCERIA NECESSÁRIA

Prof Prim

A educação de crianças e adolescentes é uma tarefa que se inicia em casa, tendo no pai e na mãe seus primeiros agentes. Não só por responsabilidade, mas também por amor e por desejarem o melhor para os filhos, os pais dão início ao processo educacional através de ensinamentos que constituem os elementos básicos das primeiras necessidades da criança. Ela aprende a andar, aprende a falar, aprende a comer e aprende a se relacionar com as pessoas da sua convivência. Tudo isso acontece com a assistência e supervisão dos pais atentos e zelosos para que nenhum incidente de grande monta venha a colocar em risco a integridade física e emocional da criança.
O tempo passa, o filho vai crescendo e é chegada a hora de ele ir à escola. Inicia-se aí uma nova etapa na vida da família. Se antes os pais tinham uma relativa exclusividade do processo educacional, agora, ele é algo que precisa ser partilhado com os novos agentes educacionais que começam a fazer parte da vida da criança - os Professores. Na medida em que ela cresce e vai externando as suas vontades próprias e, na medida em que mais pessoas começam a participar da vida social do educando, cresce substancialmente a necessidade de haver uma integração entre estes diversos âmbitos.
A família e a Escola são instituições sociais que trabalham diretamente com a questão educacional da pessoa. São, na verdade agentes que devem integrar-se em objetivos e estratégias para que o resultado possa ser produtivo. Essa integração deve, porém, respeitar as especificidades funcionais que caracterizam a atuação de ambas. É uma parceria que se faz necessária. Em contrário, se família e escola caminham em direções opostas, não se entendem, não partilham, não se complementam, não se ouvem e não se suportam, os resultados dessa desunião afetam diretamente a qualidade do processo educacional dos filhos/alunos.
A família e a escola precisam sentar juntas, lado a lado e vislumbrar o mundo ideal para o qual pretendem encaminhar o filho/aluno. Essa sintonia, além de necessária, tem o poder de gerar uma sinergia em que ambas as partes sairão fortalecidas. É sabido que a educação é um processo que envolve mãos que extrapolam os âmbitos da família e da escola. Porém, cabe a elas a responsabilidade de direcionar e colocar os limites necessários na caminhada do aluno/filho, a fim de ele que possa constituir-se de forma sólida, prodigiosa, eticamente equilibrada e agente de transformação social.

QUESTÃO DE VALORES

QUESTÃO DE VALORES

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1) O Gerente liga para você e diz que precisa da sua presença no banco para avaliar o desempenho da sua carteira de investimentos, pois o mercado está sinalizando forte tendência de prejuízo se você não mudar as aplicações.
Geralmente, todos atendem ao convite rapidamente.
2) Você está no trabalho e recebe um telefonema do seu vizinho que lhe diz que a sua casa está sendo assaltada e que os ladrões estão levando os bens mais valiosos.
Certamente, você irá correndo até a sua casa.
3) O seu filho adoece e você recebe o diagnóstico médico dizendo que ele precisa urgentemente de um tratamento para corrigir uma disfunção metabólica de natureza organogástrica, que, se não for corrigida, acarretará no óbito da criança.
Certamente, você fará o tratamento urgentemente.
4) A Escola liga e convida você para uma conversa a respeito do desempenho cognitivo e disciplinar do seu filho, cujos resultados, se não forem corrigidos acarretarão na possível reprovação e/ou na aplicação de penalidades regimentais cabíveis, com vistas a corrigir as graves disfunções no processo educacional do filho.
Nem todos os pais atendem ao convite.
Diante desta realidade cabe indagar. Qual é o patrimônio mais importante para os pais? Por que a educação dos filhos é às vezes “relegada a um segundo plano?” Por que alguns pais costumam dizer que não têm tempo para ir à escola? Será que o bem maior desses pais não deveria estar centrado nos filhos?
Por essas e outras podemos supor que estamos vivendo momentos de uma grande inversão de valores. Aquilo que deveria ser a preocupação primeira dos pais, muitas vezes, é a última. O resultado disso, em parte, justifica o contexto atual pela qual passa a humanidade – Carência de humanidade e apego exagerado aos bens materiais. Você, que está lendo estas linhas. Quais os teus valores?

A REVOLTA DA BIOSFERA

A REVOLTA DA BIOSFERA

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Esta abordagem tem como finalidade levar o leitor a uma reflexão a respeito da atuação do homem sobre a terra, enquanto ser biológico que depende de vários fatores ambientais para que possa sobreviver. A evolução da espécie humana sobre a terra, se comparada com a idade da terra ou com outras espécies de animais e vegetais, tem um surgimento recente, talvez um milhão de anos, o que é pouco perante a idade da terra que se especula ser algo próximo de duas dezenas bilhões de anos. Antes do surgimento da espécie humana, a terra já era habitada por uma grande quantidade de espécies de animais e vegetais que formavam a biosfera, cuja origem estima-se ter ocorrido na Era Paleozóica, a mais ou menos seiscentos milhões de anos atrás.
Percebe-se, claramente, na cronologia acima que o homem foi um dos últimos inquilinos a instalar-se nesta nave voadora que transita pelo espaço sideral, impulsionada pela energia gravitacional que mantém unido todo o universo. Apesar de ser um dos últimos, é espantoso o estrago que o homem vem causando ao equilíbrio ecológico. Este estrago ganhou dimensão exponencial a partir do Século XIX, com as grandes descobertas e invenções tecnológicas. Hoje crescem cada vez mais as evidências de que a Terra não suportará, infinitamente, a escalada de agressões ou transformações que o homem vem causando ao meio ambiente. A enorme necessidade do homem contemporâneo de recursos naturais, que são diariamente retirados da natureza para se transformarem em matérias-primas, cujo produto final sustenta o atual modelo socioeconômico da civilização tecnológica, consumista, levará a Terra a grandes transformações físicas, onde os serem vivos – homem, animais e vegetais – vão pagar um preço muito elevado por essa insanidade.
A Revolta da Biosfera pretende trazer um pouco de razão a esta ação irracional praticada pelo homem. Essa irracionalidade está manifestada na incapacidade de perceber que, sem o conjunto de animais e vegetais que compõem a biosfera, a sobrevivência do animal homem também está ameaçada. Somos, portanto, também uma espécie ameaçada de extinção. Não por algum motivo de ordem catastrófica repentina, como se supõem ter ocorrido com os dinossauros com a queda de um meteoro, mas sim, pela degradação dos elementos constitutivos essenciais à manutenção da vida humana na terra, levados a efeito pelo próprio homem. Enfim, seremos vítimas da nossa própria insensatez.
Temos que encontrar mecanismos e meios de vivência que respeitam e levam em consideração toda a cadeia biológica da terra, sejam animais ou vegetais, bactérias ou elefantes, cobras ou lagartos, carnaúbas ou castanheiras, pois é exatamente da interdependência de todos estes elementos vivos que manteremos as condições de sobrevivência do homem.
Nessa linha seria natural e compreensível, se fosse possível, haver uma revolta de todos os serem vivos – animais e vegetais – contra o bicho homem, já que estes estão há muito mais tempo. Por essa razão, já que a revolta da biosfera é praticamente improvável, poderia a biologia humana revoltar-se e tratar de dar soluções adequadas aos seguintes pontos:
Avaliar as ações do gênero humano na terra no tocante a degradação da natureza;
Identificar e firmar estratégias com vistas a frear a ação de devastação da espécie humana, antes que todo o planeta seja destruído;
Elaborar um projeto de constituição planetária que garanta e estabeleça as condições de sobrevivência e de interdependência entre todas as espécies de animais e vegetais da terra.
Este tipo de indisciplina praticada pela raça humana, se não for corrigida a tempo, cobrará um preço muito elevado de vidas de animais e vegetais, em que o bicho homem também se torna o seu próprio algoz.

DIFERENTE

DIFERENTE

Prof Prim

Caso tudo fosse diferente não existiria mundo como o atual.
Pedra não seria pedra, seria algo desigual.
Água não seria água, seria matéria tal.
Eu não seria eu, talvez fosse qual?.
Eu!!! Outro???
Nem pensar.
Gosto de ser eu.
Ainda bem que tudo é como é:
grandezas criadas e recriadas formando entes,
mantendo a identidade impar dos fenômenos presentes
sem o risco de tudo ser transformado em naturezas diferentes.

ETERNA NATUREZA

ETERNA NATUREZA

Prof Prim

Não importa a forma e a beleza
Sempre será natureza.
Se aos olhos agrada? Isso não diz nada.
Será sempre natureza indomada.
Deserto ou pomar; geleira ou campina;
Solo ou rocha; vida ou ruína.
Não importa o que nos convém
Natureza serás eternamente, amém.
Quando respeitada;
Sustenta vidas de toda sorte.
Quando detratada;
Chama-as de volta com a morte.
De mãe és chamada
por ser o seio da biodiversidade.
Generosa, bela e inconstante
Recrias-te a cada instante.
Dádiva do criador, por amor, foste gerada,
natureza de contornos vastos, uma infinidade.
Quando tratada de forma errante
Recobras teu quinhão com vigor pujante.
Não leves em conta se o homem te devastar.
Isso o afeta, com certeza.
Será a vítima e tua sina há de continuar
Sendo sempre a eterna natureza.

INEXORÁVEL SINA

INEXORÁVEL SINA
Prof Prim

A toda hora, ao longo de um meridiano das horas,
uma multidão se levanta para mais um dia que se inicia.
A toda hora, ao longo de outro meridiano das horas,
uma multidão se deita para repousar da jornada que se finda.
Não importa se estás de pé ou deitado.
Conforta-te, pois passadas algumas horas, estarás do outro lado.
Deita, levanta
deita, levanta
deita, levanta
levanta, deita
levanta, deita
levanta, deita.
Assim, seguirás tua sina até o último deitar do teu corpo.
Enquanto a alma, essa levantará para contemplar a eterna dimensão celestial, impulsionada pelas virtudes que foste capaz de experimentar.

APOCALIPSE

APOCALIPSE
Prof Prim

Chegará o dia em que o homem, de tanto desrespeitar as leis da natureza, será chamado a pagar o tributo pelo uso irracional de sua racionalidade.
Antes do ocaso final, ele terá a oportunidade de contemplar, do alto do seu pedestal, os sinais dos tempos.
1. Verá desaparecer de sua face, lentamente, toda a biodiversidade:
- Espécies de animais e vegetais são extintas pela sua ação devastadora.
- Os passarinhos deixam de cantar.
- As flores não florescem mais nos jardins e campinas.
- Os peixes já não encontram mais ambiente para viver.
- As folhas caíram e já não brotam mais.
- Os répteis, de todos os tamanhos, já fazem parte da história.
- As ervas daninhas já não perturbam mais o homem. Ele as venceu.
- As pragas já não destroem mais as plantações. Não há mais plantações.
- O perfume das flores já não anuncia mais a chegada da primavera.
2. Assistirá à degradação do meio ambiente:
- O ar, a água, o solo já não sustentam mais a vida.
- Os desertos avançam pelo horizonte.
- As nascentes e arroios vertem suas últimas lágrimas.
- A suave brisa refrescante transformou-se em tórrida massa de ar escaldante e poluída.
- O solo, outrora prodigioso sustentáculo de vida, agora, apenas recolhe como túmulo a vida remanescente sobre ele.
- A energia vital do astro rei chega à terra de forma difusa, sem ser filtrada pelo manto atmosférico que envolve e protege a vida.
- Os grandes rios morreram. Foram transformados em canais de escoamento de lixo.
- As grandes jazidas já foram totalmente exauridas.
- As catástrofes fazem parte das cenas cotidianas.
- Enfim, a mãe natureza não consegue mais sustentar a voracidade e a ganância do homem.
3. Contemplará, atônito, o desmanche do tecido social que une a humanidade:
- Os valores e as virtudes fundamentais já não encontram mais eco nas relações entre as pessoas.
- O infortúnio espalha-se por toda a terra.
- Não há vencidos nem vencedores. Todos sucumbirão ante à irracionalidade do “ser racional”.
- Haverá fome e desgraça em todos os quadrantes.
- A vida está indefesa.
4. Suplicará a Deus a sua remissão final:
- Vendo tudo perdido, apelará para o último dos refúgios.
- Deus misericordioso de bondade infinita, tende piedade desse ser que perante ti falhou.
- Do fundo de nossas almas confessamos os pecados que praticamos contra a tua obra.
- Embora tardio, agora compreendo os teus desígnios. Ao Criar o mundo o dotaste de todas as riquezas. Era o paraíso.
- Nele colocaste o homem e a mulher. Tinham tudo para serem felizes.
- Mas ao longo dos séculos, impelidos pelas suas vaidades e ganâncias, o homem foi se afastando e modificando a natureza, a destruiu e hoje ela não consegue mais sustentar a vida.
- Se for da tua vontade e bondade, ó Deus eterno, ceda-nos um novo paraíso, a fim de que possamos nos redimir das atrocidades cometidas.
5. Ouvirá de Deus a sentença final
- Deus, em sua infinita e eterna misericórdia, vendo o desespero do homem, lhe revelará o juízo final.
- Meu filho querido. Ao longo dos tempos enviei-te diversos mensageiros para mostrar os desvios dos teus atos. Não deste ouvidos.
- Quando te criei, dotei-te de liberdade para escolher o melhor caminho a seguir.
- Incuti em ti a centelha do amor, da generosidade, da solidariedade, da bondade, da gratidão, do respeito, do companheirismo, da lealdade, da honestidade. Preferiste cultivar o egoísmo, o ódio, a inveja, a avareza, a soberba, a mentira, a ganância, a maldade e até brincavas de Deus.
- Com esses atos, pobre homem, pecastes contra ti mesmo, pois és imagem e semelhança do teu pai e nada mais há por ser feito. Está tudo consumado.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

VOCÊ TEM TEMPO?

VOCÊ TEM TEMPO ?

Prof Maurino Prim

No 2º tempo do jogo de futebol, o cronista disse que o tempo havia terminado. Porém, o árbitro acrescentou mais um tempo ao jogo, pois por duas vezes, o tempo havia fechado durante a partida. O tempo estava bom, mas entre as torcidas quase fechou o tempo. A polícia interveio e pediu aos brigões para darem um tempo, pois ela não tinha tempo para verificar porque o tempo havia fechado. Neste instante começou a ocorrer uma mudança no tempo passando de bom para nublado.
O Cronista já havia terminado o seu tempo e pegou o carro com motor de quatro tempos para ir até a igreja rezar, já que estávamos no tempo de páscoa. Pelo caminho ligou o rádio e ouviu um repórter dizer que em São Paulo o tempo estava chuvoso. Ocorreu um contra-tempo pelo trajeto: um pneu furou e teve que perder um tempo para trocá-lo. Enquanto trocava o pneu lembrou-se da aula de verbos em que tinha que aprender as flexões no tempo, no modo e no gênero. Se tirasse nota baixa o pai fechava o tempo em casa.
Chegando à igreja ouviu uma música sendo cantada. Impressionou-se com a forma correta que o músico executava os tempos e, principalmente, os contra-tempos. Ficou um tempo na igreja e ao sair percebeu que havia mudado o tempo, pois estava chovendo. Um transeunte disse-lhe para dar um tempo já que a chuva era passageira. Quando deu-se conta percebeu que havia perdido muito tempo parado. Perguntou a um guarda se em tempos idos o tempo também era tão instável. Ele respondeu-lhe que naqueles tempos o tempo era pior ainda. Quando fechava o tempo custava a limpar.
Já meio sem tempo ainda perguntou se o local ali era tranqüilo. O guarda disse que de quando em vez o tempo fecha. Saiu dali indagando-se sobre o tempo. Qual o melhor tempo? Após refletir um pouco descobriu que o melhor tempo é o tempo que o tempo tem. Basta dar um tempo ao tempo e tudo se resolve a tempo. Pô meu! Me dá um tempo! Pare de encher o saco com esse tempo. Deixa o tempo em paz. Em tempo: Você tem tempo ?

QUEM SOMOS?

QUEM SOMOS ?

Por Maurino Prim

Somos apenas o que somos e nada mais
Somos existência física na dimensão do corpo
Somos divindade na extensão da alma
Somos o que somos e nada mais.

O que dizem a nosso respeito não é o que somos
São tão somente opiniões de alguém sobre nós
Ninguém conhece o todo, nem mesmo eu
O todo pertence ao Arquiteto da Criação.

Mostramos ao mundo uma forma física definida
Mas não é somente isso que somos.
Revelamos aos outros retratos da vida
Sem jamais revelar o filme de toda a vivência.

Somos únicos, criados para a vida
Vida sofrida, porém, vida
Por mais que nos falte a consciência
Ela vai acontecendo ao longo da existência.

Quando ela finda, não finda a essência
Continuaremos existindo enquanto história
Vida que se refaz vida através da memória
Seremos lembrados pelos feitos e glórias

Assim vão-se os séculos de ir e vir
Uns vindo, outros indo
Uns rindo, outros chorando
Uns amando, outros odiando
Uns sendo, outros tendo
Uns pedindo, outros dando
Uns construindo, outros demolindo
Uns nascendo, outros morrendo

E, em tudo isso, apesar disso, para além disso,
Somos apenas o que somos e nada mais.


Prof Maurino Prim

SEGURANÇA PESSOAL E SOCIAL

SEGURANÇA PESSOAL E SOCIAL


Professor Maurino Prim

Vivemos num tempo em que a insegurança parece fazer parte do cotidiano. O medo vai se instalando na mente das pessoas, gerando uma sensação de impotência e preocupação. Medo de assalto, medo das drogas, medo de brigas e confusões, medo da intolerância e da agressividade desmedida, são algumas das expressões que circundam o ir e vir dos cidadãos, deixando um rastro de apreensão e ansiedade.
Diante desse quadro, faz-se necessário adotar algumas estratégias para aumentar a segurança pessoal e social.
A Segurança Pessoal é o conjunto de atitudes adotadas pelo indivíduo com a finalidade de proteger-se nos diversos ambientes em que se encontra.
Com exceção das causas acidentais que vitimam as pessoas sem que elas tenham a chance de esboçar uma defesa, tais como, “bala perdida” “objetos arremessados a esmo” , “assalto” etc, em todas as demais situações é possível uma reação racional que aumenta a segurança pessoal. Ou seja: “depende das atitudes que adotamos, das reações que temos diante dos fatos que nos rodeiam”.
As reações das pessoas, ante as provocações e perturbações, são influenciadas pela RAZÃO ou pela EMOCÃO.
Aqueles que aprendem a gerenciar as emoções nos focos de tensão, são capazes de tomar atitudes mais acertadas e, por conseqüência, saírem mais ilesas dos conflitos interpessoais. Aqueles que se deixam afundar nos abismos da emoção, acabam “perdendo a cabeça” e perdem o controle sobre seus atos, colocando em perigo a integridade física.
A regra de ouro nos ensina que devemos reagir diante de tudo que nos perturba. O segredo está no COMO REAGIR. Cada situação incômoda permite uma variedade muito grande de reações. Achar a melhor delas é um desafio que deve fazer parte de nossas preocupações. O sucesso da boa convivência reside exatamente nas escolhas que fazemos de COMO REAGIR. Quanto mais equilibrada e acertada for a reação, melhor será a segurança pessoal. É importante lembrar que a decisão de não fazer nada, também é fazer alguma coisa. É uma reação.
Uma outra forma de aumentar a segurança pessoal está em identificar e se afastar das áreas e situações de risco. Por áreas e situações de risco entende-se todas circunstâncias que possam pôr em perigo a integridade física das pessoas, tais como: multidões em desordem; local em que está havendo briga; ambientes fechados sem saídas de emergência; locais com grandes concentrações humanas, pessoas furiosas, etc, etc, etc.
Podemos afirmar que a segurança pessoal depende, em grande parte, da própria pessoa. Aqueles que são capazes de exercer um controle sobre as suas reações – físicas e verbais – aumentam exponencialmente o nível de tranqüilidade, equilíbrio e segurança. Aqueles que reagem de forma intempestiva, impulsiva e impensada costumam aumentar o nível de conflitos e atritos com seus oponentes, criando um ambiente de hostilidades e agressões recíprocas que geram insegurança. Em via de regra “o homem colhe o que planta”. “Quem planta vento, colhe tempestade”. Quem cultiva relações interpessoais pautadas no respeito, solidariedade, cooperação e amor tende a colher esses atributos como resposta.

A segurança social deve ser uma preocupação de todos. Ela é na verdade um estado de equilíbrio nas relações interpessoais, vistas num plano mais amplo e coletivo. A insegurança social é causada pela ação de uma pessoa ou por um grupo de pessoas que agridem a ordem social em proveito próprio. Ela tem a mesma lógica da insegurança pessoal. Nasce do desrespeito, da falta de solidariedade e cooperação, do desamor praticados contra a sociedade. A principal característica da insegurança social está no fato de ela não ter rosto, pois na maioria das vezes é praticada de forma silenciosa e anônima. Este aspecto dificulta a ação preventiva de exercer um controle através dos mecanismos sociais de segurança. Os agentes de segurança institucionais, tais como a Polícia, Guarda-Costas, Vigias, Segurança Privada, etc, são instrumentos utilizados pela sociedade para evitar os atos de violência. Porém, esses agentes não conseguem, sozinhos, dar conta de todas as demandas que surgem dos conflitos de interesses entre as pessoas. Daí a necessidade de haver uma ação coletiva para que os delitos sejam minimizados.

Enfim, valorizar a vida significa agir com visão e responsabilidade social, pois é no meio comunitário que a vida acontece. Não podemos fechar os olhos para a realidade que nos rodeia e achar que a solução dos problemas depende da ação dos outros. Temos que agir.
A SEGURANÇA DEPENDE DE CADA UM !

RECREIO

RECREIO

Por Maurino Prim

Ao toque do sinal, ouve-se uma alegria ruidosa
Uns correm, alguns caminham, outros vagueiam
A agitação é geral, pois agora, a hora é prazerosa
São momentos de valor que muita vida permeiam.

No pátio, uma alegria incontida, como não vista antes
Ouve-se um misto de sons e tons qual relva crepitante
Denunciando a euforia vivida pelos ávidos infantes
Gerando vida partilhada, mesmo que por um instante.

Percebe-se uma movimentação com um quê singular
Corre-corre, pula-pula, gritos e conversas são comuns
Brincadeiras, jogos e folguedos têm presença regular
Perturbações, também se vê, em detrimento de alguns.

Mas a alegria chega ao fim, é chegada a hora do sinal
É preciso retornar à sala para mais umas aulas assistir
Não há corre-corre e a volta dura mais do que o normal
A atividade discente parece ser um ônus pesado de gerir

Porém, temos que entender que na vida nem tudo é folia
O trabalho é ocupação que também deve nos entreter
Pois com ele produzimos os meios para a mordomia
Ambos igualmente necessários para sustentar o ser.


Prof Maurino Prim

A INDISCIPLINA SOB O OLHAR DE MADRE CLÉLIA

A INDISCIPLINA SOB O OLHAR DE MADRE CLÉLIA

Por Maurino Prim


INTRODUÇÃO:
Para compreender a ação educadora de Madre Clélia, no tocante ao aspecto da indisciplina, faz-se necessário conhecê-la, em sua totalidade, na dimensão histórica, humana e espiritual.
Esta investigação tem por finalidade conhecer o seu jeito particular de ser, de sentir, de agir, de amar, de se relacionar com o transcendental, o material e o humano, para compreender a sua fórmula de manipular, com maestria, a ternura e a firmeza na consecução de seus objetivos.

1. CONTEXTO HISTÓRICO DE MADRE CLÉLIA

Clélia Cleópatra Maria Meloni, nasceu em Forli – Itália, no dia 10 de março de l861. Faleceu em 21 de novembro de 1930, com 69 anos.
Madre Clélia era contemporânea de Dom Bosco, que nasceu em 16/08/1815 e morreu em 31/01/1888, aos 73 anos de idade. Dom Bosco foi um pensador, educador e pedagogista. Cria uma eficaz obra educacional de inspiração Social. A sua obra, no campo educacional, ajudou a diminuir de forma significativa o número de analfabetos na Itália, no período de 1861 a 1911.
Quando a Madre Clélia nasceu, Dom Bosco tinha 46 anos de idade. Quando Dom Bosco morreu em 1888, Madre Clélia, aos 27 anos de idade, abre em Nervi – Gênova o 1º Orfanato para meninas pobres, com o objetivo de mantê-las, instruí-las e educá-las.
O Século XIX é um período de grandes transformações no campo político, social, econômico, cultural e religioso no cenário europeu.
É uma época marcada por rupturas, grandes inovações, mudança de mentalidade, questionamentos e direcionamentos, migrações, revolução industrial e urbanização.
A Itália vive um período de desastre econômico, com fortes impactos no campo sociail e sanitário. (analfabetismo, malária, cólera, etc)
A igreja separada do estado. Mudança de ordem moral, espiritual e religiosa em face das correntes de pensamento materialistas e ateus.
Existência de sociedades secretas liberais, fruto do iluminismo e liberalismo (maçonaria, máfia, etc).

2. MADRE CLÉLIA ENQUANTO PESSOA
Madre Clélia era dotada de um caráter enérgico, caprichoso e decidido. Essa característica ela manifesta já a partir do convívio familiar. Busca incessantemente construir o seu projeto de vida, mesmo contrariando a orientação do pai, que queria vê-la como sua sucessora na administração dos bens da família. Para concretizar o seu sonho chega a fugir de casa.
Possuía uma inteligência viva, aliada a uma personalidade forte, severa e tranqüila.
A sua constituição física era delicada e fraca. Possuía um coração sensível, cheio de amor e misericórdia.
Sua forma de ser revela uma ação que gravita entre a firmeza e a ternura, senão vejamos:
- Sua formação pessoal foi fruto de seu próprio esforço, unido à sua vivíssima inteligência e seu caráter enérgico, tenaz e forte, ao mesmo tempo humilde, sapiente e simples.
- Seus escritos, fruto de uma personalidade moldada pelo sofrimento e robustecida pela fé, denotam conhecimento e experiência de vida, revelam um espírito forte, uma vontade tenaz e, ao mesmo tempo, dócil e humilde.
- Em sua linguagem simples e original, sapiente e profunda, humana e sobrenatural, revela-se pedagoga, educadora e mestra.
- Seu modo de ser expressa e revela sempre a mesma pessoa: espontânea, vivaz, original. Fala com tranqüilidade e segurança.
- Dedicava aos órfãos uma amor especial e tratava a todas de acordo com as próprias necessidades.
- Passo leve, olhar penetrante, semblante sereno, coração pródigo. As meninas sentiam-se atraídas, como por um imã.
- O amor era o ponto de referência, o meio, o fim e a explicação de toda sua atividade.

AMOR: 1. Sentimento, Paixão.
AMOR: 2. Decisão racional e intencional de querer e fazer o bem ao próximo.
AFETIVIDADE: 1. Conjunto de reações psíquicas do indivíduo frente ao mundo exterior. (razão)
AFETIVIDADE: 2. Sentimento. (emoção)

- Usa o exemplo e o testemunho como conteúdo de sua ação pedagógica.
- Busca incessantemente viver uma vida virtuosa marcada e transformada pela: fé, esperança, caridade, humildade, pobreza, obediência, mortificação, penitência, prudência, justiça, fortaleza e perdão.
- “Quando a obediência ordena, tudo em mim se dobra”. “Na obediência, a alma repousa com abandono seguro e completo, como uma criança inconsciente e confiante entre os braços amorosos de uma terna mãe”.

Segundo o Dicionário Larousse Cultural:

“OBEDECER: 1. Sujeitar-se à vontade de; Cumprir ordens de; 2. Deixar-se conduzir; 3. Estar, Ficar sob uma força ou influência; 4. Estar sob a autoridade de; 5. Ceder, aquiescer.”

“PERSONALIDADE: Conjunto dos elementos psíquicos e comportamentais que constituem a singularidade do sujeito”
“CARÁTER: Conjunto de disposições afetivas segundo os quais um sujeito reage ao meio e que compõem sua personalidade.”
“TEMPERAMENTO: Aspecto da personalidade de um indivíduo relacionado às suas reações e disposições de modo geral.”

3. ESPIRITUALIDADE E FÉ NA VIDA DE MADRE CLÉLIA
Madre Clélia alimentava-se de energias advindas de suas fortes convicções de fé e elevada espiritualidade, para conseguir suplantar a fragilidade de sua natureza física. Nessas dimensões deixou-nos um legado riquíssimo, fruto de sua experiência pessoal, onde revela um caminho possível para a santificação. Em sua caminhada terrena deu exemplo e testemunho, assim como também ensinou que:
- Sofrimento – é sinônimo de cruz;
- Sacrifício – é a aceitação amorosa da realidade da própria existência;
- Mortificação e penitência – renunciar ou privar-se algo;
- Renúncia e despojamento de si – Deixar de lado o egoísmo e o egocentrísmo;
- Abandono e confiança – entregar-se e confiar no infinito amor de Deus e deixá-lo agir;
- Conformidade com a vontade de Deus – agir sempre de acordo com a vontade de Deus;
- Fidelidade nas provas – “Quem coloca a mão no arado e olha para trás não é digno de mim”;
- Identificação com Cristo – único modelo a ser seguido e imitado.

Madre Clélia demonstrou que a perfeição, a paz de espírito e o equilíbrio existêncial podem ser alcançados através dos seguintes meios específicos:
- Importância da vontade - estar convicto, atitudes firmes e praticar as virtudes;
- Exame de consciência – conhecer a si próprio;
- Purificação e retidão interior – estar possuído por um único pensamento: fazer a vontade de Deus;
- Serenidade e paz de espírito – paz interior;
- Recolhimento e interiorização – Fazer silêncio dentro de si mesmo;
- Disponibilidade à ação do Espírito Santo – estar aberto;
- Oração e união com Deus – estar permanentemente em sintonia com Deus;
- Santificação das ações – ação de graças.

Em termos práticos de vivência cotidiana, Madre Clélia revela o seu modo de agir nos seguintes aspectos:
- Respeito recíproco – reconhecer mutuamente os próprios defeitos;
- A prática da caridade deve ser feita – com indulgência (perdão), com semblante sereno e suave, fisionomia afável, com palavras doces e cordiais, sempre com um caráter de edificação;
- Práticas que não edificam – maledicências, zombarias aos presentes e depreciação aos ausentes;
- Se por um impulso de caridade, quiseres corrigir o próximo, não o faças jamais com o coração agitado pela paixão. Espera ficar calmo; espera o momento oportuno de estar só com a pessoa; e, antes de abrir a boca, pede a deus que te ilumine e dirija tuas palavras;
- O bom exemplo é um mútuo sustento espiritual;
- O mau exemplo é uma fonte de irregularidades e dissipações.
- O pecado está na vontade e não no sentimento.

4. PROJETO EUCATIVO DE MADRE CLÉLIA
A ação pedagógica de Madre Clélia foi totalmente fundamentada nos Evangelhos, dos quais emergem as bases do seu processo metodológico e didático: respeito à dignidade e liberdade pessoal, diálogo, abertura e comunicação. Madre Clélia não se preocupava apenas em exigir a observância de ordens e preceitos, mas agia para que cada uma fosse capaz de auto-regular o seu processo formativo.
Segundo MC, educar significa a promoção integral da pessoa. É promover o outro em sua totalidade. É uma obra de amor.

Promoção integral e total implica:
- Aprender a conhecer (Cognitivo)
- Aprender a Fazer (Psicomotor, laboral)
- Aprender a conviver (Interpessoal, social)
- Aprender a ser (intrapessoal, transcendental, espiritual)

Madre Clélia tenha uma visão própria dos âmbitos e processos que implicam a atividade educativa, como segue:
- Tipo de Escola – aberta a todos, principalmente para os mais pobres e necessitados;
- Concepção de Educação – baseada na concepção Cristã de pessoa humana;
- Concepção de Formação – sólidos princípios éticos e religiosos;
- Ensino – deve usar todos os meios que a didática e a pedagogia oferecem;
- Disciplina – deve se amena, com o uso da caridade e a doçura, mas que não ceda à fraqueza, que pode ser fatal;

RAPADURA:
É doce. Mas é dura!

ESTRUTURAS FLEXÍVEIS: São maleáveis, se adaptam e crescem.
ESTRUTURAS RÍGIDAS: São inflexíveis, quebram e morrem.

Técnicas e meios que devem ser utilizados:
- Exortações (Ação de exortar, encorajamento, animar, incentivar, estimular, induzir, convencer, advertir, admoestar e aconselhar)
- Orientações (Dirigir, guiar, encaminhar e dispor)
- Admoestações (Advertência, reprimenda, avisar e aconselhar)
- Esclarecimentos (Explicar, elucidar e informar)
- Demonstrações orais e escritas;
- Testemunho de sua própria vida.

CONCLUSÃO
Analisando a vida e a obra de Madre Clélia, percebe-se um pessoa com traços marcantes, firmes, decididos, aliados a uma forma terna, humilde, caridosa e misericordiosa de lidar com os desafios cotidianos.
Mãe e Mestra é uma referência mais do que justa e cabida para expressar a grandiosidade do seu generoso coração, perdidamente apaixonado pelos princípios evangélicos, tendo Cristo como inspirador, centro e guia de suas ações.
Seus ensinamentos, inspirados na metodologia do amor, são uma fonte inesgotável de inspiração para o fazer educativo em todos os tempos.

BIBLIOGRAFIA
- CLÉLIA MERLONI – MÃE E MESTRA, Farias, Pierpaula ASCJ, Tese de doutorado nº 94, Pontifício Ateneo “Antonianum”, 1990, São Paulo – SP.
- PREVENIR, NÃO REPRIMIR, Braido, Pietro, Ed. Salesiana, 2004, São Paulo – SP.
- DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, Larousse Cultural, Ed. Moderna, 1992, São Paulo – SP.


Curitiba-PR, 01/12/04

Professor Maurino Prim

A MATEMÁTICA DA EDUCAÇÃO

A Matemática da Educação

Por Maurino Prim

Considerando a educação escolar com início no Jardim I até a conclusão do Ensino Médio, temos um total de 14 anos de escolaridade. Se computarmos o número de horas/aulas que o aluno assiste durante este tempo, vamos chegar a um total de, aproximadamente, 14.600 aulas. Se calcularmos o número de dias em que o aluno vem à Escola, num calendário de 200 dias letivos, por ano encontraremos 2.800 dias. Considerando um recreio de 20 minutos, encontramos um total de 933 horas em que o aluno convive com os demais colegas durante os intervalos do lanche. Considerando, ainda, que o tempo antes do início das aulas, assim como também o tempo após término das aulas, também geram momentos de convivência, sem esquecer o tempo do deslocamento até a Escola, temos mais um número incalculável de horas em que o aluno convive com os demais colegas.

Ao longo desse tempo o aluno faz contato com um “N” número de Educadores; faz um “N ao quadrado” número de avaliações; participa de um “N ao cubo” número de reflexões que, através dos pitos, broncas, orientações, diálogos, olhares, gestos, conselhos e outras interações, vão formando, de forma lenta e gradual, o conjunto de atitudes e valores que irão moldar a sua convivência social.

Toda esta matemática não tem significado nenhum, se olhada meramente sob o prisma quantitativo. O valor do Ser Humano não pode ser mensurado a partir do número de dias, horas ou aulas que assistiu. Apenas sob a ótica qualitativa, que é capaz de dar uma visão sobre os aspectos morais e o conjunto de valores sociais incorporados é que se pode mensurar os resultados e a eficácia desses números.

Embora a quantificação não seja um parâmetro em si para avaliar o grau de educação de uma pessoa, precisamos compreender que é somente através dela que a educação se efetua. As pessoas aprendem através da experimentação, seja ela através do método empírico/dedutivo ou através das percepções intuitivas e subjetivas. Umas aprendem mais rápido do que as outras. Isso explica porque há pessoas que conseguem incorporar aprendizagens com apenas uma única experiência. Outras aprendem com um número pequeno de repetições. Já para outras faz-se necessária a repetição exaustiva até que consiga transformar o experimento em uma atitude ou um valor socialmente útil. Para validar o que acima foi exposto, convido a você que teve a oportunidade de ler esta reflexão, para tentar lembrar da sua experiência educacional o seguinte: 1) De quais aulas ainda é capaz de se lembrar ? 2) De quais educadores ainda guarda alguma lembrança ? 3) Qual foi o ato educativo mais importante e significativo para você ? Provavelmente irás encontrar alguma dificuldade de responder estas perguntas. Isso não quer dizer que as aulas e os professores foram insignificantes ou que não tenhas tido alguma experiência educacional interessante. Todas as aulas que você assistiu, todos os professores que você teve e todas as experiências educacionais por você vividas estão armazenadas no seu cérebro. Formam aí, junto com os demais estímulos experimentados ao longo da vida , o banco de dados que alimenta a sua subjetividade. Dão forma e consistência ao caráter e definem o seu perfil moral, cuja exteriorização se dá através das atitudes, gestos, maneira de ser, maneira de agir, enfim, formam a sua personalidade.

Disso resulta compreender então que a tarefa dos educadores, estejam eles na escola ou fora dela, nada mais é do que produzir momentos em que os educandos sejam levados a experimentar os conteúdos da ação educadora, a fim de que, cada qual, no seu ritmo, da sua maneira, possa se instituir e se construir como Ser Humano. Cabe uma indagação: Quantas vezes devemos repetir a ação educadora a ser incorporada pelo educando ? A única resposta possível, creio, seja esta: Tantas vezes quantas se fizer necessária. As pessoas não se educam em um único ato. A educação é fruto de um processo que vai ocorrendo de forma cumulativa na medida em que exercitamos e experimentamos os procedimentos socialmente necessários para uma convivência sadia, equilibrada e justa.

Para concluir poderíamos dizer que o processo educativo deve, necessariamente, ser balizado pela repetição, pela paciência, pela persistência, pela tolerância, pelo amor exigente, com limites, com respeito, com alteridade, com firmeza, com segurança, com justiça, com diálogo, com honestidade, etc, etc, etc. Agindo desta forma, a matemática da educação resultará em transformações subjetivas no mais profundo sentido de ser de cada um, cuja exteriorização será sentida através da maneira pela qual o indivíduo se resolve no meio social.
Prof Maurino Prim

IR E VIR

IR E VIR

Por Prof Maurino Prim

No bailar da vida as pessoas vão e vêm. De tantas idas e vindas acabam esquecendo onde já estiveram. Saem de um lugar para chegar a outro. “Todo ponto de chagada também é um ponto de partida.” Há movimentos regulares que se repetem: casa X escola; escola X casa; casa X trabalho; trabalho X casa; sala X cozinha; cozinha X sala; sala X quarto; quarto X cama; cama X banheiro; banheiro X chuveiro. Assim segue o pêndulo em seus caminhos. Também tem inúmeros movimentos não previstos, não programados, que nos levam e trazem a lugares inesperados. De tantos que são, não vou aqui enumerá-los. Pensem um pouco e irão descobrir que eles existem. Dou uma dica: ir à janela para olhar o horizonte, etc, etc, etc. Ah ! ia me esquecendo. Também tem os movimentos sem volta, ou, ainda, a volta dos que não foram. Parece complicado ? Não. Tudo isto acontece sem que nós percebemos, pois faz parte da existência.
Acabamos descobrindo que somos seres em movimento. O universo está em movimento. O cosmos é movimento. Tudo se movimenta. A concepção ocorre de um movimento do espermatozóide em direção ao óvulo. Na silêncio do útero protetor da mãe há movimentamos. Para nascer nos movimentamos. A vida é movimento. E, quando ela finda, somos movimentados para o lugar do pouso final do corpo. Pouso aparente, pois continuaremos em movimento junto com o astro celeste que gravita pelo espaço sideral sem fim.
Neste ir e vir fazemos muitos movimentos com o corpo: senta X levanta; deita X levanta; estende a mão; mão que afaga; mão que esbofeteia; vira a cabeça; levanta o braço; levanta o dedo; levanta a cabeça, encolhe a barriga, empina o nariz, estufa o peito, levanta o dedo do meio; abaixa o polegar, estica os beiços, franze a testa, arregala os olhos, etc, etc, etc. Esses movimentos, cheios de significados, relevam a nossa natureza social, pois existimos e nos constituímos na relação com os outros.
Além desses movimentos que levam e trazem o nosso corpo, movimentamos outros objetos. Assim carregamos conosco um monte de penduricalhos que ganham movimento graças ao nosso movimento. São sacolas, bolsas, mochilas, malas, anéis, colares, pulseiras, brincos, capangas, carteiras, pochetes, documentos e outros apetrechos que carregamos pela vida afora. Todos esses materiais dão consistência à nossa existência. Sem eles, as vezes perecemos desnudos.
Movimentamos a boca para pronunciar as palavras e outros trejeitos labiais que fazem parte da nossa linguagem. Quantos pedidos, justificativas, declarações, afirmações, negações, orações, reclamações, declamações, depoimentos, xingamentos e outras falas que utilizamos em nosso cotidiano ? Certamente não é possível termos a noção da quantidade de movimentos que já fizemos com a boca para expressar os pensamentos, opiniões e emoções. Mas toda a palavra pronunciada tem a sua finalidade. Isso que importa. Somos entes em movimento. Não conseguimos parar. Mesmo parado estamos em movimento. Assim sendo, vou parar de movimentar os meus dedos sobre o teclado e parar de escrever esta reflexão. Porém, continuarei em movimento.
Prof Maurino Prim

FRASES E CITAÇÕES

Frases e citações :

1) O ser humano é um ser inacabado, se sabe inacabado, vive buscando a sua conclusão, por isso educa-se. (Paulo Freire)

2) Temos que aprender a gerenciar os sentimentos e administrar as emoções nos focos de tensão (Augusto Curi)

3) A ação educadora é semelhante a água e a rocha. A água esculpe a rocha. A rocha ganha novas formas e a água mais substâncias (Prim).

4) Um aprendizado eficaz requer coerência, constância e conseqüência. (Içami Tiba)

5) Não é possível dizer-te sempre coisas novas, nem te é necessário ouvi-las. O que importa é que sejas sempre novo. Que te desprendas cada dia do homem-velho, e que cada dia tornes a nascer, a crescer e a progredir. (Santo Agostinho)

6) Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. (Pablo Neruda)

7) Ser feliz é estar contente com o que se tem. (Eleutério P. Andreoli).

8) Pedi a Deus para ter todas as coisas para ser feliz na vida. Deus disse não: Te dou a vida para que sejas feliz com as coisas que tens.

9) Não acrescente dias a sua vida, mas vida aos seus dias. (Harry Benjamin).

10) O maior educador é aquele que conseguiu educar a si mesmo.

11) Jesus Cristo falava pouco, mas ensinava muito (Curi)

12) Se tiveres paciência num momento de raiva, cem dias de pesar evitarás. (Provérbio Chinês)

13) Posso não ser nada diante do mundo; mas sou tudo para o meu mundo. (Prof Prim)

14) Quem esquece as ofensas que recebeu é porque aprendeu a perdoar. (Prof Prim)

15) Quem tem um por que para viver, suporta quase todo e qualquer como (Nietche)

16) A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para frente (Soren Kirkegaard)

17) A verdadeira afeição na longa ausência se prova (Camões)

18) Do atrito de duas pedras chispam faíscam; das faíscas vem o fogo; do fogo brota a luz (Vitor Hugo)

19) A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau. (Mark Twain)

20) A única maneira de Ter amigos é ser amigo (R. W. Emerson)

21) Combater a si mesmo é a mais difícil guerra; triunfar sobre si mesmo é a mais esplêndida vitória. (Longon)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DEUS SÓ

DEUS SÓ
(Inspirado na Espiritualidade de Madre Clélia)



Letra e Música: Maurino Prim



Refrão:

QUANDO DEUS É TUDO!

O MEU EU É NADA.

CLÉLIA MERLONI,

ASSIM ENSINARA!


“DEUS SÓ” É O MEU VIVER

QUE INUNDA TODO O MEU SER.

SUA MÃO ME AFAGA ENVOLTA EM VÉU

E SINTO PAZ: PRENÚNCIO DO CÉU.


NA CRUZ, JESUS, EM SONHO ME DIZ:

“VEM QUE EU TE ESPERO”

SEU LADO ABERTO EM JORRO CONDIZ

QUE O AMOR NOS DEIXA FELIZ.


APÓSTOLA DO AMOR HEI DE SER!

COMO OS APÓSTOLOS.

OFENSAS AO SENHOR REPARAR

PARA SUA DOR PODER ABRANDAR.

OS PROBLEMAS DA BIOÉTICA

OS PROBLEMAS DA BIOÉTICA


Por Prof Maurino Prim


Nos últimos decênios do século findo, as ciências biológicas conseguiram grandes avanços científicos e tecnológicos que causaram uma verdadeira revolução no campo da medicina, da veterinária e da agronomia. Técnicas novas foram criadas no manejo genético dos vegetais que fizeram surgir as espécies híbridas e transgênicas. Na área da veterinária as inovações foram significativas, principalmente com os cruzamentos genéticos de raças, com vistas a obter animais de melhores resultados sob o ponto de vista econômico. A maior das façanhas foi o feito de conseguir a criação de seres animais geneticamente idênticos, através da clonagem. Na área da medicina os avanços também foram grandes. Além dos modernos equipamentos atualmente disponíveis para a produção de diagnósticos mais precisos, como a ecografia e a tomografia computadorizada, a medicina especializou-se nos transplantes de órgãos e cogita-se no mundo científico a possibilidade de tornar realidade a clonagem de seres humanos.

Todos esses avanços, além dos benefícios que trouxeram para a humanidade, necessitam de uma reflexão sob a ótica ética, a fim de resolver e adequar essa ação humana dentro de práticas e limites que não extrapolem os princípios da moral e condicionantes restritivos de que essas ações estão afetas. A abordagem desses assuntos é quase sempre revestida de muita polêmica e pontos de vistas contraditórios que acabam, em via de regra, em infindáveis discussões, sem que se chegue a conclusões de consenso. A problemática justifica-se em face dos conceitos ou preconceitos divergentes que as correntes de opiniões alimentam sobre o assunto em tela. Nesta reflexão buscaremos discorrer sobre três vertentes que de alguma forma tem se posicionado a respeito das ações da ciência no campo da biotecnologia. São elas: 1) Visão científico/pragmática; 2) Visão ético/filosófica; 3) Visão teológica/religiosa.
VISÃO CIENTÍFICO/PRAGMÁTICA

Sob o ponto de vista puramente científico haveremos de reconhecer as significativas conquistas que a ciência biológica vem alcançando. São conquistas que vem prolongando a vida e, talvez, em busca de uma longevidade eterna. Seus resultados práticos e benéficos em prol da sustentabilidade da vida parecem quase justificar os meios e métodos utilizados em busca dos fins últimos pretendidos. É a racionalidade humana levada às últimas conseqüências, sem a necessária preocupação com princípios éticos, valores, essência e outros aspectos de natureza ontológica ou transcendental da humanidade.
O limite é definido pela capacidade e possibilidade de manipulação dos materiais biológicos, seja no manuseio de órgãos, tecidos, material genético ou embrionário. Costuma-se dizer que a ciência não tem fronteiras. Por mais absurda ou polêmica que possa parecer o invento de hoje, amanhã acaba sendo assimilado como sendo uma prática útil e benéfica para a humanidade. Foi assim quando começaram os primeiros experimentos de fecundação "in vitro" que fez surgir os bebês de proveta. Também geraram polêmica os primeiros transplantes de órgãos. Hoje essas técnicas são de uso generalizado na medicina e resolvidas sob o ponto de vista legal, ético e religioso.
Poderíamos concluir que enquanto a ciência avança e vai abrindo caminhos com as descobertas do manuseio seguro de materiais que sustentam a vida, seguem a reboque, as discussões sobre as implicações éticas que necessitam ser assentadas acerca dessas novas invenções. Assim renova-se o fluxo que avança historicamente de cujo processo parece restar uma só certeza. Não terá fim.

VISÃO ÉTICO/FILOSÓFICA

Tomando-se a reflexão sob o ponto de vista ético, vamos explorar as implicações legais e morais que necessitam estar equacionadas em todas a práticas humanas. Trata-se de colocar alguns limites nas pretensões afoitas de uma ciência que parece não querer freios. Esses limites tem por finalidade regular o manuseio dos materiais biológicos com vistas a impor mecanismos de controle e avaliação sobre os resultados dos experimentos científicos e tecnológicos, a fim de não oferecerem riscos quanto a segurança da vida, enquanto bem inalienável da humanidade. Essas discussões sustentam e renovam um dos objetos a epistemologia filosófica em seu campo mais específico da ética, da teleologia e da ontologia.
As perguntas nessa linha remetem a questão para as relações existenciais do ser humano enquanto ente constituído de essência e finalidade, cujos valores haverão de estar sempre assegurados em todas as ações institucionalizadas da humanidade. O feito ético desta forma justifica-se para impedir a proliferação desordenada de manipulações inconseqüentes que possam colocar em risco a vida ou a saúde do conjunto dos bípedes implumes, mais conhecidos por homens. Assim poderemos compreender a cautela e o caminhar lento das questões éticas, enquanto que a ciência avança de forma intrépida rumo a conquistas cada vez mais desafiadoras, superando sempre os seus próprios limites. A planificação legal da ação da medicina, da veterinária e da agronomia necessita estar balizada por parâmetros que dêem segurança aos agentes direta ou indiretamente envolvidos, seja como paciente ou como profissional. Na área da medicina discute-se a possibilidade da clonagem humana. O caminho para conseguir tal feito já está vislumbrado. A clonagem em animais já demonstrou que há a possibilidade de se fazer essa operação também em seres humanos. As questões ainda não respondidas, pela ciência, sobre o método da clonagem é que limitam a utilização dessa técnica de forma ostensiva. A grande dúvida está relacionada às conseqüências, anomalias e reações adversas que podem surgir no desenvolvimento do ente humano clonado. Por essa razão o freio ético torna essa prática, por enquanto, proibida pela ciência oficial da humanidade.
Na área da fitotecnologia temos a questão dos alimentos transgênicos. As discussões, polêmicas e dúvidas ainda não foram totalmente sanadas, embora em alguns países, a produção de alimentos geneticamente modificados esteja sendo feita. A dúvida que mais preocupa sobre a questão dos alimentos transgênicos está relacionada sobre os efeitos que eles podem causar ao meio ambiente e sobre o organismo humano em face do consumo prolongado desses alimentos. Enquanto estas dúvidas não forem esclarecidas haverá sempre alguém ou em país que ofereça restrições sobre os alimentos transgênicos. Quando a ciência conseguir provar a benecissitude dos transgênicos, tanto para o homem como também para o meio ambiente, eles serão incorporados no rol de mais uma das grandes conquistas e descobertas da ciência.

VISÃO TEOLÓGICO/RELIGIOSA

Toda essa questão necessita, também, estar ordenada e equacionada sob o ponto de vista teológico/religioso. Nessa reflexão precisamos invocar a transcendentalidade e espiritualidade do ser humano. Foi criado a imagem e semelhança de seu Criador - Deus - que o constituiu homem e mulher para dominar sobre todos os demais seres vivos da terra, conforme o capitulado no livro do gênesis da Bíblia. Ainda conforme o livro do Gênesis, Deus reservou para si a chave da vida. Isso significa compreender que a vida é dádiva de Deus. Somente a Ele cabe concebê-la e tirá-la. Essa prerrogativa não foi outorgada ao homem.
Sob este ponto de vista o homem jamais conseguirá plenos domínios sobre os mistérios da vida, pois este conhecimento é reservado ao Criador. As manipulações feitas pela ciência, seja através da inseminação artificial ou até a clonagem humana, não chegam a aviltar o supremo detentor da chave da vida, pois toda a vida concebida é por obra e consentimento de Deus. O que varia é o método. Porém, Deus, na sua infinita sabedoria e bondade é que avaliza, consente e aprova essas metodologias, quando faz prosperar a vida através de técnicas heterodoxas desenvolvidos pelo homem. Nessa linha de raciocínio pode-se argüir que não constitui-se uma ofensa ao Criador a utilização da fertilização "in vitro" para gerar os bebês de proveta, assim como também a utilização da clonagem para gerar seres geneticamente idênticos. Em ambos os casos, apenas muda o método. Deus faz brotar a vida.
As técnicas de transplantes de órgãos e tecidos também não ferem os princípios e dogmas teológicos. O corpo é o templo e o sacrário da alma. Enquanto a alma habita o corpo, ele é o templo que hospeda e sustenta o sopro de vida ali colocado por Deus. Depois que a alma deixa o corpo ela vira pó e retorna ao pó de onde veio. O caminho de retorno do corpo ao pó pode ser feita de diversas maneiras. As formas mais conhecidas são o sepultamento e a cremação. O cerimonial fúnebre está mais voltado a satisfazer aspectos culturais do que teológicos. A maioria das religiões não condena o uso de órgãos para transplante.
Os pecados mais graves cometidos pelo homem não estão, portanto, no uso de técnicas biomédicas que favorecem a vida e tentam prolongá-la e sustentá-la. Os problemas maiores estão centrados nas práticas que eliminam a vida, tais como o aborto e a eutanasia. Nessas ações o homem peca contra os preceitos do Supremo Criador, já que é Dele a exclusividade de tirar a vida. O aborto constitui-se, portanto, num crime de assassinato covarde, pois o feto ou o embrião não tem a mínima chance de defesa contra a ação avassaladora do homem. Sob o olhar de Deus, nenhuma forma de aborto está imune do julgamento divino, não importando a forma como o feto foi concebido. O que importa é que há uma vida que foi gerada por Deus e somente Ele pode interrompe-la.
Assim, para concluir, podemos argüir que os problemas da bioética não se resolverão de uma forma mágica da noite para o dia. Necessitam, isso sim, que as três dimensões aqui enunciadas estejam resolvidos no âmago da humanidade. O caminhar dessas questões são lentas por natureza, pois as implicações restritivas são de toda ordem. De um lado temos os limites da própria ciência e da tecnologia. De outro, temos os problemas éticos e teológicos. "Assim caminha a humanidade" dando conta dos seus desígnios legados pelo Criador.

Curitiba- PR, outubro de 2003

Prof Maurino Prim

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO COUNSELING NA EDUCAÇÃO

Baixar o anexo original
FACULDADE BAGOZZI
CEPPEB – CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO BAGOZZI
IATES – INSTITUTO DE ACONSELHAMENTO E TERAPIA DO SENTIDO DO SER
MONOGRAFIA
A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO COUNSELING NA EDUCAÇÃO
MAURINO PRIM
CURITIBA – PR
2004

MAURINO PRIM
A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO COUNSELING NA EDUCAÇÃO
Monografia apresentada ao CEPPEB – Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Bagozzi, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Counseling – Aconselhamento e Relação de Ajuda.
Orientador: Agostinho Capeletti Busato
Curitiba, novembro de 2004.

FOLHA DE APROVAÇÃO

RESUMO
PRIM, Maurino. A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO COUNSELING NA EDUCAÇÃO 2004. 33p. Monografia – Programa de Pós - Graduação em Counseling – Aconselhamento e Relação de Ajuda, CEPPEB – Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Bagozzi e IATES – Instituto de Aconselhamento e Terapia do Sentido do ser, Curitiba, 2004.
Orientador: Agostinho Capeletti Busato
Defesa:
Os princípios do Counseling que fundamentam o modelo adotado na relação de ajuda, também têm aplicações no contexto educacional. Embora o método do aconselhamento tenha sido concebido para uma aplicação mais voltada a um público adulto, que voluntariamente venha a procurar ajuda, não se pode desconsiderar os benefícios que os princípios aplicados no Counseling, podem contribuir quando utilizados no contexto educacional. Esta pesquisa tem a finalidade de identificar as intersecções existentes entre as bases teóricas que fundamentam as práticas educacionais e o Counseling – Aconselhamento e Relação de Ajuda. Pretende demonstrar que, se as crianças e adolescentes, em fase de formação e estruturação de suas bases educacionais, forem conduzidas através dos procedimentos aplicados no Aconselhamento e Relação de Ajuda, poderão adquirir os recursos que as estruturem para uma vida psíquica mais sadia e equilibrada. Por outro lado, todavia, tomam consciência de que a própria pessoa é o principal responsável na construção do seu projeto de felicidade.
Palavras – chave: Counseling, Relação de Ajuda, Aconselhamento, Equilíbrio, Educação responsabilidade, felicidade, consciência, saúde psíquica.

AGRADECIMENTOS
A minha família, pelo constante apoio e incentivo na busca pelo conhecimento.
A Deus que é a minha luz, minha proteção e meu refugio.
A Escola CIESC Madre Clélia, da qual sou funcionário com atuação no Serviço de Integração Social, que em muito me estimulou na busca do aprimoramento teórico para melhor desempenhar a missão de educar.
Agradeço em especial ao meu orientador pelo seu esforço e dedicação nas orientações ao longo do desenvolvimento desta monografia.
E a todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente na conclusão este trabalho.

EPÍGRAFE
“Se a aquisição de conhecimento não encontrar manifestação na prática e no trabalho, será o mesmo que enterrar metais preciosos; uma coisa vã e inútil. O conhecimento, da mesma forma que a fortuna, devem ser empregados.”
(Autor desconhecido)

SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS................................................................................................
v
EPÍGRAFE................................................................................................................
vi
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................
1
2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................
2
3 OBJETIVOS..........................................................................................................
4
4 UMA LEITURA DA REALIDADE SOBRE RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS NO CONTEXTO ESCOLAR E FAMILIAR..................................
5
5 SÍNTESE DE REFERENCIAIS TEÓRICOS SOBRE RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS NO PROCESSO EDUCATIVO...................................................
9
6 O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA - COUSELING......................................
12
6.1 CONCEITUAÇÃO..............................................................................................
12
6.2 HISTÓRICO E CAMPOS DE APLICAÇÃO.......................................................
12
6.3 COUNSELING – UMA PROFISSÃO EMERGENTE.........................................
15
6.4 CULTIVAR A SI PRÓPRIO................................................................................
16
6.5 HABILIDADES INTERPESSOAIS.....................................................................
17
6.6 TRANSFORMANDO DIMENSÕES EM ATITUDES...........................................
18
7 ASPECTOS CONVERGENTES ENTRE AS TEORIAS EDUCACIONAIS E O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA......................................................................
20
8 ASPECTOS DIVERGENTES ENTRE AS TEORIAS EDUCACIONAIS E O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA.....................................................................
22
9 CONCLUSÃO.......................................................................................................
24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................
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1. INTRODUÇÃO
“O homem é um ser relacional”. Este conceito veio se sobrepor, a partir da década de 1980, ao conceito até então vigente de que “o homem é um ser social”. Com a compreensão alargada a respeito da natureza humana, a psicologia e as ciências afins passam a contribuir com uma base de conhecimentos muito mais sólidos a cerca dos mecanismos e processos desenvolvidos pelo cérebro humano para viabilizar e estruturar os modos pelos quais passa a se relacionar com os outros.
A convivência é uma das primeiras necessidades do homem a qual encontra-se determinado. Mas, se por um lado, ele é então compelido a ter que conviver com outros Seres Humanos, em contrapartida, e até pode soar de forma paradoxal, a convivência também é a fonte primeira de todos os conflitos originados exatamente pela necessidade de precisar conviver muito proximamente com as outras pessoas.
A partir dessa constatação podemos começar a desenhar uma compreensão de que o homem não nasce sabendo conviver. A arte de conviver não nos é dada de forma inata. Ela é adquirida através dos processos e mecanismos educacionais. A partir desta ótica cresce em importância verificar a forma como a educação está sendo conduzida nas escolas e nas famílias. A partir da verificação da realidade que envolve o cotidiano educacional, torna-se possível agir de forma corretiva nos procedimentos educacionais adotados pelos educadores.
Este trabalho tem a intenção de verificar a viabilidade de aplicar os princípios do aconselhamento e da relação de ajuda nas instâncias educativas. Pretende-se demonstrar que, se as crianças e os adolescentes, forem conduzidas em sua trajetória educativa, com a aplicação dos princípios que estruturam o modelo do Counseling, terão maiores chances de se constituírem adultos mais inteiros e capazes de assumir, com consciência e responsabilidade, os ônus e os bônus que a vida venha a lhes impor. Se o processo educacional for capaz de construir um homem equilibrado e completo, não será necessário repará-lo ou consertá-lo através dos processos terapêuticos.


2. JUSTIFICATIVA
Percebe-se atualmente uma grande ebulição no meio acadêmico, com vistas a vislumbrar novos caminhos, novas estratégias e metodologias mais adequadas para conduzir os processos educacionais. Muito se tem falado, muito se tem trabalhado, porém, pouco tem sido feito para mudar efetivamente o quadro caótico pelo qual passa a educação. Quando refiro-me ao quadro caótico da educação estou querendo dar relevo a algumas práticas cotidianas que a justificam como tal. Senão vejamos: l) A pouca importância atribuída à educação, como estratégia política de investimentos para inserir o Brasil, de forma competitiva, na comunidade global; 2) A falta de clareza e objetividade dos currículos e projetos político-pedagógicos que estão sendo executados nas escolas; 3) A falta de qualificação, valorização e motivação dos profissionais da educação; 4) A carência de recursos materiais, entre outros.
Este quadro justifica a necessidade de haver uma urgente mudança na maneira de fazer educação no Brasil. Este trabalho pretende demonstrar que há possibilidades de solução, principalmente no que tange aos conflitos interpessoais que em muito vem desgastando a saúde emocional dos envolvidos no processo educativo. Os relacionamentos interpessoais entre educador e educando, muitas vezes, estão carregados de tensões que acabam prejudicando a ambos. Em via de regra esses conflitos são gerados e alimentados pela falta de clareza e conhecimento dos educadores em saber lidar de forma adequada, com as atitudes desregradas dos educandos. Não raro, percebem-se exigências que são feitas aos educandos, em que não há espaço para acolher o erro ou a inabilidade dele para esta ou aquela tarefa. Embora as ciências que vasculham os processos educacionais tenham já disponibilizado um vasto acervo a respeito de métodos, técnicas, estratégias, encaminhamentos e procedimentos mais adequados na condução do ato educacional, percebe-se que a prática cotidiana ainda está muito impregnada de vícios oriundos do “achismo” ou de estilos educacionais pautados em paradigmas conservadores que já deveriam estar sepultados no museu da memória.
Diante desses argumentos, esse trabalho visa demonstrar que a aplicação dos princípios do aconselhamento e da relação de ajuda, no processo educativo, pode contribuir para a otimização dos relacionamentos interpessoais entre educador e educando. Desta feita haverá melhores condições para que o educando se construa de forma mais plena e equilibrada, o que resultará em melhor qualidade de vida para ambos.


3. OBJETIVOS
3.1 – Abordar o cotidiano das práticas educacionais utilizadas pelos educadores no contexto familiar e escolar;
3.2 – Oferecer uma síntese das bases teóricas que fundamentam os processos educacionais e o Counseling – Relação de Ajuda e Aconselhamento;
3.3 – Identificar as possibilidades de utilização dos princípios da relação de ajuda na educação;
3.4 - Possibilitar uma convivência mais sadia e equilibrada entre educadores e educandos;
3.5 – Contribuir com um referencial teórico para melhorar o desempenho dos educadores em suas práticas cotidianas.

4. UMA LEITURA DA REALIDADE SOBRE RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS NO CONTEXTO ESCOLAR E FAMILIAR
As práticas educacionais adotadas no contexto escolar e familiar nem sempre seguem os modelos teóricos apresentados pelas ciências da educação. Tanto na escola como na família são comuns os atos de violência e desrespeito entre os agentes quem compõem esses dois âmbitos. Basta um olhar um pouco mais acurado para perceber que a teoria e a prática nem sempre andam juntas quando se trata sobre a relação inter-pessoal entre educadores e educandos. No contexto familiar são inúmeras as denúncias de agressões físicas praticadas por pais desajustados, afora todo o jogo de violência psíquica impelida contra os filhos através de linchamentos morais, insultos, xingamentos, ameaças e situações de medo. No ambiente escolar, embora o quadro ser mais ameno, vez ou outra percebe-se atitudes grosseiras, estúpidas, desrespeitosas, ameaçadoras e constrangedoras por parte de educadores menos preparados.
Esses âmbitos fazem florescer uma combinação de elementos que atrapalham a coexistência sadia de crianças, jovens e adultos. Os conflitos relacionais tendem a transferir um ônus significativo sobre a qualidade dos processos educacionais, que tem nas crianças e nos jovens as suas principais vítimas. Poder-se-ia inferir que a criança nasce perfeita, cresce e se deforma ao longo da sua evolução para a vida adulta, chega na fase adulta cheia de crises e síndromes, para então ser socorrida e endireitada pelos serviços terapêuticos.
Essa realidade, que assola a criança na travessia do seu estado original para uma vida adulta, que deveria ser plena de sentido, infelizmente deixa um rastro de problemas que fazem surgir os estados de vazios existenciais. Agir sobre este contexto deve ser um dos objetivos dos que querem mudar o perfil da saúde psíquica das pessoas.
Para configurar de forma mais ampla a compreensão da gênese do fenômeno dos conflitos relacionais no âmbito familiar, transcrevo abaixo alguns fragmentos do Ensaio Caim e Abel, formulado por Jerri Roberto S. de Almeida.
“O conflito familiar expresso entre Caim e Abel, no relato bíblico, constitui o estereótipo ou drama da violência familiar que persiste na sociedade contemporânea. Caim personifica, historicamente, o componente desagregador das relações convivências domésticas: ambição, inveja, vaidade... no ímpeto de se sobrepor ao outro como medida infantil de auto-afirmação psicológica.
A violência é um produto direto da insensibilidade para o amor e da correlativa ausência de mecanismos educacionais e moderadores da agressividade humana. Mas o homem, como dizia Goethe, "não é só o inato; é também o adquirido". O meio ou a sociedade, nesse sentido, tem contribuído com uma cultura que dissemina tenazmente a violência e desorienta as mentes mais frágeis. A sociedade pós-moderna ensejou valores que nos expropriam o amor e nos devolvem o sexo. A convivência familiar se torna, em muitos casos, individualista, intolerante, fria e desmotivadora.
A violência familiar possui vários matizes. Tem-se definido a violência como: "toda coação que alguém procura exercer sobre a liberdade e a dignidade do outro". ... o egoísmo e o orgulho são componentes primários da violência, de onde derivam outras formas de violências como: a agressividade, o rancor, o individualismo, a impaciência, a falta de carinho, etc. O exemplo de Caim e Abel se reproduz em milhares de lares, a cada instante...
Símbolos psicológicos
Se Caim iniciou a violência doméstica, assassinando o próprio irmão, o ato de "assassinar" deve ser analisado em sentido mais amplo, não limitando-o a única idéia de "tirar a vida". O ato de assassinar implica em não saber conviver com o diferente e com as situações adversas. O exemplo bíblico é peculiar: "Abel foi pastor de ovelhas e Caim foi lavrador de terra. E aconteceu que ao cabo de dias, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. E atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e sua oferta não atentou. " Resultado: " E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante." [Gênesis 4:1-7]
Temos, nessa passagem, a articulação de diversos elementos importantes. Irmãos com tarefas distintas, ambos oferecendo suas produções peculiares. Uma oferta é aceita e outra é recusada. Isso significa que Abel é aceito e Caim é rejeitado. Temos, portanto, configurado o problema da "rejeição". O não saber lidar com a rejeição gera a "ira" e o "ciúme", componentes básicos da "violência", O "Senhor" personifica a figura dos pais que possuem o filho "preferido". Tudo que esse filho faz é elogiado e aceito. O que o outro realiza é tratado com indiferença. Psicologicamente, o rejeitado começa a "matar" o irmão preferido, introjetando posturas mentais de negatividade. Entretanto esse exemplo é extensivo, também, aos demais setores do relacionamento familiar. A família, portanto, terá que aprender a lidar com as suscetibilidades e especificidades de cada um e extrair disso um resultante que enriqueça o patrimônio relacional e espiritual da própria família. A proposta é desafiadora, mas essencial para o desenvolvimento evolutivo da coletividade.
Atualmente, observa-se que, em diversos níveis, a sociedade civil através de seus elementos constitutivos, busca discutir a questão da violência familiar. Chegamos a um momento crítico e necessitamos repensar que convivência queremos. Reconhecer o problema já é um operoso caminho. Mas só isso não basta. Necessário buscarmos a inspiração no Evangelho do Cristo para fortalecer as bases do amor em nossa família. Portanto, o problema da agressividade na família é nosso e temos que assumi-lo. Significa dizer que não se pode simplesmente, ou unicamente, ficar "contratando profissionais para resolver os nossos problemas" e abdicarmos de nossas prerrogativas. Observamos, igualmente, com Caim e Abel, que quando o desejo de ser reconhecido é frustrado há um incremento da pulsão agressiva. Isso nos remete a educação na infância. Crianças que são educadas para enfrentarem as vicissitudes e os reveses da vida, certamente, terão formas diferenciadas de lidar com a frustração e a agressividade. A educação para a sensibilidade ética, estética e espiritual torna-se imperativo, se desejamos investir na saúde de nossa família.
O desenvolvimento da complexidade familiar exige, por parte de seus integrantes, um investimento cada vez maior na área dos sentimentos. Pais violentos ensinam, pelo exemplo, agressividade aos filhos. Dessa forma, pais e filhos passam a usar a violência como um recurso para vencerem dificuldades, automatizando e vitalizando seus instintos agressivos, gerando infelicidades.
Se o homem não é só o inato mas é também o adquirido, podemos adquirir os instrumentos informativos e motivacionais para instaurarmos, mesmo na nossa condição de humanidade, um clima familiar de harmonia, conservando e "cuidando" para que as relações de afeto e amorosidade não se afastem do nosso convívio. Quando a família aprende a amar, a violência se recolhe, transformando-se em peça de museu. Pode alguém pensar: Bom, tudo isso é mera teoria. Respondemos que a teoria existe para melhorar a prática....
A regra áurea
A regra áurea para o desenvolvimento desse estado de moralidade nas relações familiares e sociais, se expressa maravilhosamente na máxima cristã: "Faça ao outro somente o que gostaria que o outro lhe fizesse." Aí está a síntese de todos os ensinamentos, historicamente, ensinados ao ser humano para conduzi-lo à felicidade familiar e social.
O mito bíblico de Caim e Abel é oportuno para um estudo psicológico das relações familiares, muitas vezes, impregnadas de ciúmes, rejeição e agressividade. Disso conclui-se a importância de edificarmos uma ética para a paz, naturalmente, consubstanciada em princípios autoevidentes como, por exemplo, a hospitalidade e a generosidade. Hospedar o outro é acolhê-lo em suas necessidades com alteridade. A generosidade, a seu turno, nos permite olhar o outro sem que ele seja o outro, mas como fazendo parte, também, de nós. Com o exercício em família dessas virtudes, estaremos nos exercitando para a construção de uma nova sociedade formadora de uma nova cultura. Ao invés de destruir o outro, estaremos melhor compartilhando nossa humanidade comum, espiritualmente mais plena de realizações.”
Com esta abordagem pretendemos ter conseguido demonstrar um pouco da realidade que permeia a difícil arte de conviver. Por outro lado, todavia, o homem é um ser relacional que não consegue sobreviver fora do organismo social. Esse aparente paradoxo, que tem a dificuldade relacional de um lado e o determinismo social de outro, mostra os desafios que precisamos aprender a superar para podermos transcender cada vez mais em nossa humanidade.

5. SÍNTESE DE REFERENCIAIS TEÓRICOS SOBRE RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS NO PROCESSO EDUCATIVO.
Os referenciais bibliográficos que tratam das questões atinentes ao processo educativo, convergem para uma mesma direção quando o foco está centrado no aspecto relacional. A relação entre o educador e o educando deve ser espelhada por princípios que tenham como base e fundamento o respeito mútuo.
Para TIBA, 1996, a convivência entre educador e educando, seja no contexto familiar ou escolar, deve ser conduzida mediante a utilização de três estratégias fundamentais: coerência, constância e conseqüência.
Sendo coerente o educador consegue conduzir as suas ações de forma integral e manter uma linha de vinculação entre o que ele diz e pratica. Através da constância o educador afirma a sua solidez em relação aos seus princípios e objetivos, sendo, por conseguinte, um guia determinado e capaz de não se deixar desviar de sua trajetória. O educando deve ser ensinado a assumir as conseqüências dos seus atos. Por essa compreensão deve-se ter como prática atribuir ao educando as conseqüências em face de atos irresponsáveis ou inadequados que venha a ter.
Segundo TIBA, 1996, a educação enfrenta atualmente muitos problemas. Entre os que afetam os alunos o mais grave é a falta de disciplina e responsabilidade, complementada pela dificuldade dos educadores de tomarem atitudes de autoridade coerentes com sua função, temendo cair em um abusivo autoritarismo, que é antipedagógico. No contexto familiar é saudável que os pais preparem os filhos para arcarem com as suas responsabilidades. Com o passar dos anos, elas vão delegando à criança o poder de se cuidar. Isso é muito diferente de abandonar totalmente o filho para que ele se vire sozinho.
Geralmente, a criança faz bem menos do que ela precisa. Não importa. Nada mais gratificante para a criança do que a sensação de ser capaz de realizar algumas coisas, principalmente quando o benefício é para ela mesma. Ela estampa no rosto um olhar de vitória quando consegue vestir a própria roupa, amarrar o tênis, pegar um copo de água. Como se cada realização fosse um aprendizado que vai servir de base para um outro desafio, uma nova realização.
Esta possibilidade de conseguir realizar suas vontades e necessidades dá à criança uma grande auto-estima, que é a capacidade de gostar de si mesma. A criança não pode dar o segundo passo sem antes dar o primeiro. E o primeiro passo é tentar, sem a obrigação de acertar. Cabe aos pais delegar ao filho tarefas que ele já é capaz de cumprir. Quando os pais não estimulam a criança a tomar a iniciativa, não elogiam as tentativas e, pelo contrário, fazem primeiro o que o filho poderia executar sozinho, esses pais estarão prejudicando o desenvolvimento infantil.
Segundo ZAGURY, 2000, é fundamental o estabelecimento de padrões éticos e morais para nortearem a nossa conduta educacional. O legado moral que passarmos aos nossos filhos poderá determinar futuramente uma mudança de valores da nossa sociedade.
A criança é hedonista por natureza, isto é, busca espontaneamente aquilo que lhe dá prazer, que satisfaz seus desejos, curiosidades e interesses. Sendo assim, dificilmente ela pensará, por si só, no outro, mesmo porque ela ainda não tem essa capacidade de sentir com o outro, ou seja; ser empática. O egocentrismo é outra característica da criança e mesmo dos jovens, sendo incapaz de sentir pelo outro. Essa realidade natural da criança precisa ser trabalhada e modificada pelos pais e professores a fim de dar-lhe as condições necessárias para a convivência social equilibrada e sadia.
Ensina-nos, também, ZAGURY, 2000, que é importante ter segurança, metas educacionais, clareza de objetivos cujas ações devem orientar a ação dos educadores junto aos educandos. Se perceber que o educando agiu errado, converse com ele, mostre-lhe o caminho ou faça-o pensar sobre a atitude tomada.
BIDULPH, 2003, coloca o amor como elemento fundamental para uma base sadia de relação interpessoal. Usa a expressão de amor suave e amor firme para se referir ao gradiente de amor que devemos usar no processo educativo. Amor suave significa o uso adequado da tolerância, sem, no entanto, ser exageradamente permissivo. Amor firme significa a imposição de limites, sem, no entanto ser grosseiro e agressivo.
CASAMAYOR (2002), mostra-nos que o conflito é algo intrínseco à convivência. Ninguém, nenhum grupo humano, nenhum casal por mais novo que seja, ainda que disponha de uma couraça protetora, está a salvo de conflitos. O conflito não é, necessariamente, sinônimo de indisciplina. O conflito é o resultado de um choque de interesses divergentes. Já o comportamento indisciplinado caracteriza-se pela tentativa de querer impor a própria vontade sobre o restante da comunidade, ou atitudes que vão contra as regras estabelecidas.
Esses choques de interesses divergentes causadores de conflitos, assim como também as atitudes tipicamente indisciplinadas, devem merecer uma intervenção qualificada e cuidadosa por parte dos educadores, a fim de que esses momentos possam ser aproveitados como oportunidades privilegiadas para educar.
Em via de regra, a convivência no contexto escolar, encontra-se definida no regimento interno. As normas e regras, direitos e proibições, penalidades e responsabilidades devem estar claramente expressas no regimento interno. A sua elaboração deve se dar de forma democrática, com a participação de todo conjunto da comunidade escolar – mantenedora, pais, professores, funcionários, alunos, etc.
No ambiente familiar não há um documento formalmente elaborado com a denominação de regimento interno. No entanto, mesmo com a sua ausência formal, ele existe de uma forma informal. Todas as famílias, assim como também todos os agrupamentos humanos de qualquer natureza, estabelecem um código de conduta não escrito, que rege as relações inter-pessoais no interior do grupo.

6. O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA - COUNSELING
6.1 Conceituação
O Modelo da Relação de Ajuda, também conhecido pelo seu termo original “Counseling”, que quer significar aconselhamento, é definido como um processo de interação entre duas pessoas – counselor e cliente - e tem como objetivo habilitar o cliente a tomar decisões de caráter pessoal diante de algum problema em que esteja envolvido (DANON, 2003).
Tem a sua fundamentação teórica centrada nos ensinamentos de Carl Rogers, com sua visão de ser humano bastante otimista, baseada sobre a liberdade e a responsabilidade, Abraham Maslow, com seus estudos a respeito da personalidade sadia, Rollo May, enfatizando o ser e o seu devir, Viktor Frankl, que trouxe a importância de se dar um sentido à própria vida, Roberto Assagioli, que focalizou a dimensão espiritual do indivíduo, Fritz Perl, que aposta na capacidade e autocontrole dos seres humanos, entre outros.
6.2 HISTÓRICO E CAMPOS DE APLICAÇÃO
O surgimento oficial do counseling deu-se nos anos cinqüenta do século passado, nos Estados Unidos e nos anos setenta, na Europa, em cujos espaços a atividade encontra-se estruturada como uma profissão reconhecida com uma atuação e aplicação em diversos âmbitos, a saber:
ÂMBITO COMUNITÁRIO:
Counseling psicopedagógico
A escola e os centros de formação são espaços propícios para a aplicação desses princípios de comunicação de qualidade, em que os agentes devem gerir, além dos conteúdos pedagógicos, dinâmicas de grupo, relações interpessoais conflitivas em suas diversas formas de manifestação: alunos ou crianças, pais ou responsáveis, colegas e professores.
Counseling de comunidade
Em todos os contextos sociais a presença de um facilitador da comunicação é muito importante, e de modo particular as comunidades que apresentam um maior grau de dificuldades: comunidades carcerárias, drogados, jovens em dificuldades, orfanatos, entre outras.
Counseling espiritual
As crises de natureza espiritual possuem uma configuração difusa e devem ser enfrentadas de maneira adequada, pois podem ser facilmente confundidas com problemas de ordem psicológica ou psiquiátrica. Possui uma abrangência tanto para as pessoas religiosas, como também para o mundo leigo.
AMBITO DE TRABALHO
Counseling empresarial
Muitos problemas das empresas não devem ser considerados apenas sob o ponto de vista técnico, mas também humano, com os fatores pessoais, emocionais e comunicativos, que muitas vezes são ignorados, embora se apresentem de grande relevância. Intervindo no estado do bem estar psicológico do pessoal se levanta o nível motivacional, o nível de produtividade e de rentabilidade, mas, sobretudo, o nível de satisfação dos colaboradores.
Counseling vocacional
Ajuda a pessoa a conhecer-se, a utilizar as potencialidades não expressas e a elaborar um projeto de trabalho em sintonia com as capacidades e os interesses individuais.
AMBITO SÓCIO-SANITÁRIO
Counseling psicológico
Campo de atuação exclusivo dos psicólogos, que com suas competências específicas podem intervir de forma mais especializada, fazendo uso do diagnóstico, a prevenção e a orientação.
Counseling sócio-sanitário
A comunicação e o bom relacionamento entre o médico e o pessoal paramédico com o paciente é um fator coadjuvante no processo de cura.
Counseling médico
Cada consulta médica deveria ser um counseling médico, em que, além de serem examinados os problemas físicos, com seus respectivos diagnósticos, exames e prescrições, o paciente pudesse sentir-se considerado e escutado também como pessoa.
Counseling na arte
Toda vez que se facilita a livre expressão, entra em causa um processo de libertação de conteúdos internos, de forma simbólica, que tem um efeito libertador e, com freqüência de catarse.
Counseling no âmbito particular
Os desconfortos existenciais que afligem as pessoas precisam de um ouvido atento e de um sinal de encorajamento, para recuperar a própria força e prosseguir em seu caminho.
Counseling na relação de casal
A intervenção de uma terceira pessoal pode ser muito importante para enfrentar, compreender e resolver problemas de relação interpessoal e de casais.
Counseling de acompanhamento para a morte
A morte normalmente é tratada como um tabu e vista como algo abstrato e distante de nós. Não se fala dela, não se pensa sobre ela, e quando acontece com alguém próximo, tem-se um trabalho muito profundo a ser feito para permitir um enfrentamento mais sereno.
Counseling telefônico
São conhecidas as mais diversas formas de ajudas que são prestadas pelo telefone: disque amizade, tele-mensagem, telefone azul, telefone verde, entre outras. Oferecem uma possibilidade anônima de ajuda a quem jamais teria a coragem ou a possibilidade de fazê-la abertamente.
Além dos campos de aplicação do counseling, acima descritos, ainda pode ser utilizado em outras situações de emergência em que é necessária uma preparação específica: tentativas de suicídio, seqüestro com reféns, calamidades naturais ou acidentais, atentados, guerras, etc.
6.3 COUNSELING – UMA PROFISSÃO EMERGENTE
O indivíduo do terceiro milênio necessita de um conjunto de habilidades capazes de despertar e ativar todas aquelas potencialidades ainda descuidadas pelos sistemas educativos convencionais em favor das normas intelectuais e comportamentais.
A nova configuração social requer pessoas que possam manipular com desenvoltura e destreza um conjunto de habilidades e desafios, tais como:
Capacidade de julgamento autônomo;
Capacidade de enfrentar situações complexas e crises, tanto individuais quanto coletivas;
Versatilidade e maleabilidade intelectual para enfrentar mudanças rapidíssimas;
Tolerância e espírito de solidariedade para conviver com os outros, respeitando as diferenças individuais.
Diante desse contexto nasce a exigência de uma abordagem terapêutica entendida como ciência do humano, em condições de ocupar-se não com a doença, mas com o mal-estar, para depois se concentrar no bem-estar. Um caminho que saiba guiar o indivíduo até um contato mais profundo consigo mesmo, com as próprias necessidades, com as próprias capacidades escondidas ou esquecidas, e chegar, enfim, a uma maior confiança em si mesmo.
A pessoa sabendo ocupar-se melhor consigo mesmo e com o próprio bem-estar, torna-se assim mais funcional à comunidade, podendo interagir de forma mais positiva com os outros, substituindo desconfiança e incomunicabilidade por maior disponibilidade, empatia e escuta.
6.4 CULTIVAR A SI PRÓPRIO
O olhar para si mesmo pode ser uma tarefa difícil quando não se tem este hábito. Os sentimentos, emoções, imagens, sensações, pensamentos, temores e desejos podem estar desorganizados e confusos a ponto de não permitirem uma distinção e mesmo uma percepção muito clara do que passa no interior da pessoa.
O crescimento pessoal prevê um treinamento para uma atenção aos conteúdos interiores, para uma auto-observação, a fim de que os indivíduos possam tomar-se pela mão e saber distinguir as diversas linguagens que brotam dos componentes físico, emotivo e mental. O filósofo Arthur Koestler identificou as dimensões física, emotiva e metal como sendo os três componentes principais causadores dos desequilíbrios em nossa natureza individual. Esta percepção foi também confirmada pelo neorufisiologista Paul Mclean, quando evidenciou que corpo, emoções e mente fazem referência a três componentes diferentes do cérebro, a saber:
O corpo tem inteligência e autonomia próprias e provê as funções vitais do organismo mesmo sem a participação direta da vontade, tem exigências que podem ser diferentes e inclusive opostas àquelas da mente, tem uma linguagem própria, se expressa por meio do movimento e tem uma sede própria de comando, assim chamado de cérebro retiliano, a parte mais antiga do cérebro.
As emoções têm outra lógica, outra linguagem, e se expressam através da imagem, da metáfora e da analogia. São governadas pelo mesoencéfalo, que regula o sistema límbico.
A atividade da mente, o pensamento, a palavra, o raciocínio lógico, por sua vez, são coordenados pelo córtex cerebral, o componente evolutivo mais recente no ser humano.
Estas três dimensões representam forças autônomas e independentes dentro do indivíduo, com um notável dispêndio de energia e causadores de conflitos interiores nem sempre evidentes. A única forma de equilibrar estas forças é por meio da tomada e consciência de seu funcionamento e a ativação de uma lúcida consciência pessoal, capaz de assumir o comando e coordenar a atividade dessas energias, respeitando as necessidades de cada uma.
6.5 HABILIDADES INTERPESSOAIS
A abordagem mais efetiva no tocante às habilidades interpessoais foi desenvolvida por Robert R Carkhuff e Bernard G. Berenson, através do seu Modelo de Ajuda. As posturas terapêuticas apresentam seis dimensões básicas, que, quando assumidas pelo terapeuta na relação de ajuda oferecem ganhos construtivos ao cliente.
Empatia: capacidade de se colocar no lugar do outro;
Aceitação incondicional: capacidade de aceitar o outro integralmente, sem julgamentos pelo que sente, pensa, fala ou faz;
Coerência: capacidade de ser real, de se mostrar ao outro de maneira autêntica e genuína;
Confrontação: capacidade de perceber e comunicar ao outro certas discrepâncias e incoerências em seu comportamento;
Imediaticidade: capacidade de trabalhar a própria relação terapeuta-cliente, abordando os sentimentos imediatos que o cliente experimenta pelo terapeuta e vice-versa;
Concreticidade: capacidade de decodificar a experiência do outro em elementos específicos, objetivos e concretos.
6.6 TRANSFORMANDO DIMENSÕES EM ATITUDES
A partir da operacionalização das dimensões do terapeuta e dos efeitos por elas provocados nos clientes, desenvolveu-se o Modelo de Ajuda. Esse inclui as atitudes do ajudado durante o processo de mudança, e as habilidades do ajudador que possibilitam essa mudança – habilidades essas observáveis, mensuráveis e transmissíveis.
Atitudes do ajudador:
Sintonizar: entrar em sintonia com o ajudado, comunicando-lhe, de maneiras não-verbais, disponibilidade e interesse;
Responder: comunicar, corporal e verbalmente, compreensão pelo ajudado;
Personalizar: mostrar ao ajudado sua parcela de responsabilidade no problema que está vivendo;
Orientar: Avaliar, com o ajudado, as alternativas de ação possíveis e facilitar a escolha de uma delas.
À medida que o ajudador sintoniza, responde, personaliza e orienta, o ajudado começa a comportar-se de modo a promover sua própria mudança, através das seguintes fases:
Atitudes do ajudado:
Envolver-se: capacidade de se entregar ao processo de ajuda;
Explorar: capacidade de avaliar a situação real em que se encontra no momento do processo de ajuda – definir com clareza onde está;
Compreender: estabelecer relações de causa e efeito entre vários elementos presentes em sua vida, perceber a sua responsabilidade na situação que está envolvido e definir onde que chegar;
Agir: movimentar-se do ponto onde está para onde que chegar, estabelecendo o plano de ação para saber como chegar lá.

7. ASPECTOS CONVERGENTES ENTRE AS TEORIAS EDUCACIONAIS E O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA
As correntes teóricas das diversas pedagogias educacionais têm muito em comum com os postulados do Counseling. A linha que separa a educação da terapia é muito tênue. Esta singularidade fica muito evidente nas palavras de Viviane King, counselor de psicossíntese nos Estados Unidos, quando diz: “Se chega em tempo é educação, se chega tarde é terapia”. Esta frase quer nos dizer que o counselor deve ser substancialmente um educador, cuja tarefa é ativar algumas potencialidades fundamentais da natureza humana, por vezes parcial ou totalmente adormecidos.
O counseling psicopedagógico remete para a escola e os centros de formação os campos naturais para a aplicação de seus princípios, pois seus operadores tratam com o ser humano em sua dimensão relacional, fonte de surgimento de conflitos interpessoais geradores de crises e perturbações com forte impacto sobre os sentimentos.
Carl Rogers foi um dos inspiradores de uma metodologia inovadora no campo psicopedagógico. A própria escola deveria assumir o papel de guiar o aluno na descoberta e no desenvolvimento de suas potencialidades mais altas, ecarregando-se de fornecer uma adequada preparação para o crescimento em todos os níveis, não apenas culturais, orientando os jovens na compreensão e na gestão dos próprios impulsos, conflitos, sentimentos, pensamentos, fantasias, valores e ideais.
O trabalho mais significativo cabe aos professores em primeira mão, antes mesmos dos programas curriculares. A função educativa está nas mãos do mesmo professor que desempenha um duplo papel:
Quantitativa, por meio da transmissão de informações;
Qualitativa, por meio de sua personalidade e da comunicação verbal e não-verbal que se instaura entre ele e os alunos.
O Professor, querendo ou não, desempenha um papel educativo muito mais importante do que aquele instrutivo e precisa de um apoio e de uma preparação adequada para enfrentar este desafio.
Na educação conta muito mais aquilo que se é do que aquilo que se diz, sobretudo se o objetivo é criar um clima de comunicação autentica e ativar relações de qualidade e de recursos internos dos próprios alunos. Os educadores devem ser incentivados a terem a mesma disponibilidade e abertura também nos confrontos do próprio processo de crescimento pessoal, para assim poderem fazer-se de intérpretes desta nova imagem do “homem que realiza suas próprias potencialidades”, tornando-se mensagem viva e não mais simples repetidor de informações.
As finalidades do counseling são, em nível individual, a recuperação de um correto e harmonioso percurso auto-educativo, que tem, antes de mais nada, a obrigação de levar os indivíduos à descoberta de uma maior confiança em si próprios, criatividade, autocontrole, autodisciplina, autonomia e responsabilidade.
Percebe-se que os objetivos do Counseling e os objetivos perseguidos durante o processo educacional muito semelhantes. Ambos pretendem construir um indivíduo capaz de agir de forma autônoma, responsável e livre. Nisso não há dúvidas com relação às pretensões do Counseling e da educação. Todavia, embora os fins sejam os mesmos, não podemos deixar de apontar algumas diferenças no tocante ao meio, ou seja, ao modo particular de ação. E é isso que vamos ver a seguir.

8. ASPECTOS DIVERGENTES ENTRE AS TEORIAS EDUCACIONAIS E O MODELO DA RELAÇÃO DE AJUDA
Embora haja um campo de ação entre o Counseling e as práticas educacionais que se mistura e se imbrica, não podemos deixar de identificar as suas fronteiras e modos de agir divergentes.
No Modelo de Relação de Ajuda tem-se como premissa a iniciativa do ajudado em buscar a ajuda, assim como também goza de total liberdade para interromper o processo a qualquer momento. Além disso, no Counseling, o ajudador desempenha uma função tipificada como guia qualificado, que acompanha o ajudado a refletir sobre um problema específico, para o qual busca compreensão e solução. Cabe, portando, ao ajudado percorrer dialogicamente por seus imbróglios existenciais e o ajudador acompanha-o, incondicionalmente, até onde ele for capaz de ir.
A relação educativa entre um educador e um educando dá-se de maneira diversa. O ato educativo tem um objetivo definido a partir do educador. A criança, o aluno ou o formando são conduzidos e envolvidos em processos cujos objetivos vêm pré-estabelecidos por uma instituição social. (Escola, família, centros de formação, etc). Ao longo da caminhada, o educando é estimulado, orientado, admoestado, compelido e até punido em relação ao seu desempenho educacional. Espera-se que ao longo do processo ele adquira as habilidades necessárias para ser agente de ação e transformação social, com um domínio satisfatório nos seguintes saberes:
Saber conhecer;
Saber fazer;
Saber ser
Saber conviver.
O processo educativo também é permeado por uma dose significativa de conflito. Não que o conflito aqui invocado seja visto como algo ruim ou de conotação menor e problemática. Ele está naturalmente presente em face da posição ocupada pelos sujeitos que interagem na relação educativa. É o confronto entre o “dever ser”; o “querer ser” e “aquilo que se é”. O papel do educador, nesse processo é apontar o caminho do “dever ser”. O educando, por sua vez, a partir do que ele é, tende a preferir agir na direção do “querer ser”. Surge nesse âmbito um campo de tensão entre o educador e o educando que é fonte de conflitos, atritos e divergências entre ambos.
Houve tempo em que algumas correntes educacionais sustentavam em suas premissas uma relação mais livre e não diretiva entre educador e educando. Os resultados dessas experiências mostraram que a ausência de limites no processo educacional dificulta a configuração da criança para uma inserção equilibrada e sadia no seio da sociedade. A liberdade desmedida vira liberalidade. O efeito é o exercício da liberdade desprovida de responsabilidade. Numa escala social as perdas são significativas e os desequilíbrios difíceis de serem reparados.
Por este prisma é possível vislumbrar que o processo educacional possui especificidades e peculiaridades que não podem ser removidas pela simples intenção de querer metodologias novas e progressistas. Não se pode desejar eliminar aquilo que é estrutural, alicerce e básico, sobre o qual pretende-se erigir uma edificação sólida.
Por essa via, não poderíamos pretender desejar que o Modelo de Relação de Ajuda venha a ser usado de forma plena como método educacional. Porém, todavia, não podemos deixar de considerar que os seus ensinamentos e estratégias constituem-se num ferramental precioso a ser utilizado pelos educadores em sua nobre e difícil tarefa de educar.
Por fim, há de se considerar que nenhum ramo das ciências humanas, isoladamente, é capaz de dar conta, plenamente, do que podemos denominar de “ser humano”. Juntando os conhecimentos de todas elas – filosofia, sociologia, psicologia, teologia, antropologia, pedagogia, etc – não se consegue uma definição absoluta e real do “ser humano”. A integração de todas as ciências humanas certamente trará melhores resultados nesse intrigante trabalho de desvelar as complexas entranhas da natureza humana


9. CONCLUSÃO
Confesso que a investigação bibliográfica levada a efeito nesse trabalho foi muito gratificante. Possibilitou vasculhar duas bases teóricas diferentes e identificar seus pontos de congruência, assim como também apontar as suas divergências. O ponto de partida foi o de verificar a possibilidade de aplicar os princípios do Counseling na Educação. Tínhamos, portanto, o desafio de fazer um estudo comparativo entre os modos relacionais apregoados para o processo pedagógico, que opera a ralação Professor-Aluno, e os vínculos que se estabelecem entre o ajudador e ajudado no processo do Counseling – Aconselhamento e Relação de Ajuda.
Os resultados não nos apontam a possibilidade de adotar o Modelo da Relação de Ajuda em substituição às abordagens pedagógicas que norteiam as práticas educacionais nas escolas. Porém, se por um lado não se pode aventar a hipótese de se trocar simplesmente de método, também não se pode desconsiderar as contribuições valiosíssimas que os ensinamentos do Counseling podem agregar ao processo educativo. Trata-se, portanto, da incorporação de conteúdos às atividades pedagógicas que tem a sua origem centrada no Modelo da Relação de Ajuda.
Neste particular pode-se perceber a imbricação do processo educativo com o Counseling, pois o ato de educar, em seu sentido amplo, também se caracteriza pela relação de ajuda. O professor visto como mediador entre o sujeito da aprendizagem – o aluno – e o conteúdo a ser apreendido, não deixa de ser uma ralação de ajuda.
Todavia, a contribuição maior que os ensinamentos do Counseling podem oferecer ao processo educativo, não está centrada na possibilidade da utilização de seus métodos e estratégias em si. O ganho substancial está na oportunidade do professor aprender a lidar melhor com o Humano que habita nele e nos alunos. Em última análise, o ato educativo deve ter como fim, permitir que o educando revele o Ser Humano que jaz latente em sua natureza primária. Aprender a lidar com o Ser Humano. Aí reside a contribuição primordial que o Counseling pode dar à Educação.
Numa primeira olhada, poderia-se dizer que este é um aspecto trivial no processo educativo, já que o papel do professor é ensinar e do aluno, aprender. Ocorre que o contato entre o Professor não pode ser reduzido a uma mera relação de transmissão de conteúdos. Quando o Professor e o Aluno se põem frente a frente, entra em ação uma relação sinérgica na qual trocam conteúdos que afeta o Ser Humano que há em cada um. Esse ato de afetar significar compreender que ambos não saem ilesos da relação.
Aprender a lidar com o Ser Humano começa por aprender a saber lidar consigo mesmo. Conhecer-se a si mesmo. Gerenciar as emoções nos momentos de tensão. Pegar-se na mão. Controlar os fluxos das impulsões emocionais que tentam desestabilizar a tranqüilidade da alma. Compreender que ninguém pode ferir-te, a não ser você mesmo. Esses são alguns desafios a serem superados pelos educadores que fazem parte do que poderíamos denominar “saber lidar com o ser humano”.
No tocante a estes aspectos o Counseling tem muito a contribuir com a educação. Diria que esta contribuição deveria ser iniciada já nos cursos de formação dos profissionais para o magistério, com a inclusão de conteúdos na grade curricular que, viessem a dotar o professor com uma bagagem de conhecimentos capazes de saber lidar com os aspectos emocionais e relacionais dos alunos.

RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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