segunda-feira, 28 de setembro de 2015

CUIDADO! - Celular faz mal à saúde



CUIDADO! – Celular faz mal à saúde

      No Seminário[1] sobre Tecnologia e Dignidade Humana, a doutora Luci Pfeiffer[2] abordou o tema “A influência do uso dos dispositivos eletrônicos no desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes”, chamando a atenção para a “terceirização do cuidado”. Destacou o excessivo envolvimento da criança com eletrônicos, tais como: televisão, celulares, internet, games, redes sociais, entre outros. Enquanto os pais envolvem-se nos afazeres do trabalho ou nas rotinas domésticas as crianças ficam, “docilmente”, aos cuidados dessas “babás eletrônicas”. 
      Para Pfeiffer, essa “terceirização” traz prejuízos enormes ao desenvolvimento saudável desse público nos seguintes aspectos: 1) Anula a criatividade; 2) Isolamento; 3) Desabilidade social; 4) Introspecção; 5) Deslocamento da atenção; 6) Sinais de hiperatividade; 7) Alterações alimentares; 8) Distúrbios do sono; 9) Hipo linguagem; 10) Miopização; 11) Sedentarismo; 12) Alterações posturais.
     O envolvimento exagerado de crianças e adolescentes com dispositivos eletrônicos afetam, com prejuízos, o desenvolvimento cognitivo, psicomotor, social e afetivo. Esse alerta vem sendo feito por especialistas da Neurociência, Psiquiatria, Pediatria e Psicologia, que corroboram os efeitos maléficos, quando usado de forma indiscriminada e exagerada.  Afeta o desenvolvimento de padrões de comportamento e altera princípios éticos e morais, exteriorizados através do anonimato, conflito de valores, isolamento, ideia de autosuficiência, dificuldade de estabelecer relacionamentos saudáveis, insensibilidade social, entre outros.
      O acesso fácil às tecnologias da informação e comunicação, aliado ao encantamento do mundo midiático e interesses econômicos insaciáveis, traz uma sensação de “normalidade” no tocante ao uso desses equipamentos. Porém, o manuseio saudável desses dispositivos, por crianças e adolescentes, requer limites. Os especialistas recomendam o uso nas seguintes escalas de tempo e sempre com a supervisão de um adulto:– Até 2 (dois) anos - zero; De 3 a 5 anos - 01 (uma) hora por dia; De 6 a 18 anos - 02 (duas) horas por dia.
      No Estado do Paraná a Lei 18118, de 24/06/2014, proíbe os uso de equipamentos eletrônicos nas escolas, exceto quando for para fins pedagógicos e com a supervisão de um educador. Nessa linha de ação, as escolas, normatizam em seus regimentos, critérios e restrições sobre o uso de dispositivos eletrônicos pelos educandos.
      Faz-se necessário a família ampliar o conhecimento sobre os malefícios que o uso desordenado de dispositivos eletrônicos causam no desenvolvimento saudável dos filhos.  É preciso agir na prevenção para evitar prejuízos que podem conduzir a uma “dependência tecnológica”, cujo termo vem sendo usado pela área médica e educativa para caracterizar o uso compulsivo e descontrolado de equipamentos eletrônicos, com semelhança de causa e efeito com a “dependência química”.

    Texto elaborado por Maurino Prim. [3]


[1] II Seminários de Tecnologia e Dignidade Humana, realizado na sede da OAB/PR, nos dias 14 e 15 de maio de 2015, promovido pela UFPR, OAB/PR, UTFPR e Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná.

[2] Dra Luci Pfeiffer, Médica Pediatra e Psicanalista da Infância – UFPR
[3] Licenciado em Geografia – Universidade Federal do Paraná –UFPR – Pós-graduado em COUNSELLING – Relação de Ajuda – Faculdades Bagozzi – Metodologia do Ensino de História e Geografia – Centro Universitário Internacional – UNINTER. Atua no Sagrado - Rede de Educação: Colégio Social Madre Clélia – Serviço de Integração Social – SIS e Estado do Paraná – Secretaria de Estado da Educação – Professor de Geografia.










FELIZ ANEVERSÁRIO - Data Querida?



FELIZ ANIVERSÁRIO! – Data querida? Depende.
Por Maurino Prim
       A comemoração do aniversário é uma prática recorrente pelo mundo a fora com uma variedade de ritos peculiares e originários da cultura e tradição de cada povo. Embora existam múltiplas formas de festejar a data de nascimento, invariavelmente elas tem por finalidade homenagear, presentear, celebrar a vida e fazer com que o aniversariante se sinta amado e acolhido pelos familiares e amigos. Nessa perspectiva justifica-se a tradicional cantiga entoada nas festas de aniversário, que se inicia com “Parabéns pra você, nesta data querida...”.
      Em caminho contrário a esses objetivos, percebe-se algumas vezes, práticas ritualísticas pervertidas e desprovidas de sentido, que consistem em impor ao aniversariante algum tipo de transtorno, perturbação, incômodo e hostilidade que, em via de regra, estão revestidas com fortes doses de violência.  Como exemplo dessas manifestações equivocadas, de mal gosto e aviltantes, citamos: 1) Aplicar chazão ou cuecão; 2) Quebrar ovos e jogar farinha na cabeça do aniversariante; 3) Trotes vexatórios.
       Em todas essas práticas há implícita uma agressão. De forma velada ou explícita caracteriza uma violência e um desrespeito para com a pessoa homenageada. Como consequência podem advir resultados danosos a integridade física do aniversariante.  No chazão ou cuecão o nível de violência é extrema. A vítima é pega a força por uma grupo de “amigos” que tentam arrancar-lhe a cueca. Inúmeros são os casos em que há lesões na genitália em decorrência dessa atitude. Ocorrem situações em que o aluno não vai para a aula no dia do aniversário para não ser hostilizado. No uso de ovo e farinha, além do desperdício de alimentos, que poderia alimentar pessoas carentes, há também o risco de danos, principalmente aos olhos. Nos trotes praticados para comemorar conquistas, como passar no vestibular, há casos que acabaram em tragédia como, por exemplo, a morte da pessoa “homenageada”       
      Enfim, FELIZ ANIVERSÁRIO, deve sempre ser uma data querida, em que a pessoa homenageada sinta o calor do carinho e admiração que os familiares e amigos tem por ela.  As demonstrações de carinho e afeto são melhor recebidos e compreendidos pelas vias do afago, do abraço e do presentear com algo que faça com que a pessoa se sinta importante e valorizada em seu círculo relacional.

ESCRAVIDÃO VIRTUAL



ESCRAVIDÃO VIRTUAL

Por Maurino Prim

            Quando se fala em escravidão vem logo à mente a modalidade de servilismo praticado no Brasil até o início do século XIX. Esse tipo de escravidão tinha como característica o cerceamento da liberdade física da pessoa. O corpo era aprisionado e transformado em fonte de energia na produção de mercadorias e serviços. A agente escravizador era uma outra pessoa, que era o dono e o detentor do direito de usufruir da força produtiva do escravo. Com a abolição romperam-se as correntes que prendiam o corpo e, enfim, surgiu a liberdade.

             Porém, no decorrer da história, surgiram outras modalidades de escravidão, tendo como característica a exploração do homem pelo homem numa relação injusta com a apropriação indébita do trabalho do empregado pelo patrão. Nesse tipo de escravidão o corpo fica livre, porém, a força de trabalho está aprisionada a um explorador.

            Com o advento da tecnologia da informação, os computadores, a internet, as mídias sociais, os sites de relacionamentos, os games e tudo que se relaciona ao mundo virtual, surge uma nova modalidade de escravidão. Não é mais o corpo que fica preso, nem a força de trabalho. O aprisionamento se dá no cérebro. É a mente que fica subordinada aos encantos dos efeitos midiáticos proporcionados pelo mundo virtual. As pessoas perdem a capacidade de existirem livres, sem estarem conectadas com algum artefato virtual.  Nessa modalidade de escravidão a pessoa tolhe e limita a liberdade a partir de si mesma. Ao contrário dos outros tipos de servilismo, onde alguém externo é o agente cerceador da liberdade, aqui temos a aceitação autônoma, uma vez que a pessoa deixa de ser livre por vontade própria.

            Esse fenômeno percebe-se no cotidiano, onde muitas pessoas não conseguem se sentir bem sem estarem com um aparelho eletrônico nas mãos, mesmo que não esteja em uso. Outra cena comum nos encontros sociais em restaurantes e roda de amigos é ver as pessoas fisicamente próximas, mas conectadas virtualmente com alguém que está distante ou ocupadas com alguma base de entretenimento eletrônica.

            As consequências maléficas dessa dependência tecnológica ocorrem nas dificuldades ou inabilidades sociais e cognitivas. A necessidade de conviver, crucial para a nossa sobrevivência, é algo que precisa ser aprendido. Essa aprendizagem é essencialmente prática e ocorre nas múltiplas experiências que fazemos no laboratório da vida no relacionamento com os outros. Quando nos confinamos em uma plataforma virtual, deixamos de aprender a viver na sua dimensão real.  No aspecto cognitiva ocorrem prejuízos como a diminuição da criatividade, imaginação, raciocínio e concentração. Esses danos afetam a qualidade da aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades para o exercício de uma excelência profissional.

            Não se trata de querer conspirar contra as descobertas e as conquistas tecnológicas que a humanidade foi capaz de produzir e inventar. Trata-se de um alerta para evitar o uso abusivo que leve a desenvolver uma “dependência tecnológica” ou a maximizar os efeitos nocivos ao desenvolvimento de nossas potencialidades cognitivas e sociais. Trata-se de saber usar a tecnologia da informação para os fins necessários e não se deixar viciar e nos transformar em reféns de um escravismo virtual. A liberdade plena ocorre quando o corpo, a mente e o espírito não se sentem aprisionados a nenhum tipo de contingenciamento, exceto os advindos da Lei.