quarta-feira, 18 de março de 2015

Escola - Uma instituição parada no tempo

REDE DE FAST FOOT
Por Maurino Prim
Uma Rede de Fast Foot, com muitos restaurantes espalhados pelo país recebia, todos os dias, um mesmo grupo de clientes. Eles iam fielmente ao restaurante para saciar a fome e a sede. O responsável pelo restaurante esperava os seus clientes de portas abertas e os recebia com muito acolhimento e alegria. O restaurante organizou uma maneira de servir os alimentos do cardápio de forma que cada tipo de comida tinha o seu cozinheiro responsável. Exemplo: o arroz tinha um cozinheiro especialista em fazer arroz; a batata era feita por um cozinheiro especializado em batatas. Assim também acontecia com todos os outros alimentos do cardápio. Outra particularidade do restaurante era de que os alimentos eram servidos de forma separada. Cada cozinheiro servia o seu prato. Enquanto o cliente comia arroz, não podia comer carne, por exemplo. Cada alimento tinha o seu tempo próprio para ser consumido, no refeitório próprio, com a presença da cozinheira. Além disso, a cozinheira  servia os alimentos e ainda controlava a quantidade a forma e a rapidez em que eles tinham que ser consumidos. Consumir feijão junto com arroz as cozinheiras não permitiam. Também havia um horário preestabelecido para cada alimento ser consumido e todos tinham que consumi-lo ao mesmo tempo, mesmo não tendo fome e não podiam sair do restaurante antes de terminar o tempo de cada refeição, que era de 50 minutos, mais ou menos. O mantenedor da rede de restaurantes orientava os restaurantes para eles orientarem as cozinheiras para elas servirem os alimentos juntos, num mesmo prato e ao mesmo tempo, porém na prática isso nem sempre acontecia. O nível de satisfação dos clientes com os serviços prestados pelos restaurantes não era muito boa.  Periodicamente os nutricionistas da rede de restaurantes faziam uma avaliação do estado nutricional dos clientes. Os resultados mostravam que havia muita gente subnutrida com deficiências sérias em vários tipos de nutrientes. Isso preocupava a todos, pois não conseguiam entender esses elevados índices de subnutrição, apesar da farta e abundante disponibilidade de alimentos.

Na história contada acima, não é difícil entender as causas dos resultados da subnutrição, apesar da grande oferta de alimentos. Basta dar uma olhadinha na forma que a Rede de Fast Foot organizou o seu atendimento e maneira de servir os clientes.
Fazendo uma transposição da Rede de Fast Foot para a organização das escolas temos:
- Rede de Fast Foot = Ministério da Educação
- Restaurantes = Escolas
- Clientes = Alunos
- Saciar a fome e a sede = Aprender
- Responsável pelo restaurante = Diretor
- Maneira de servir os alimentos = Metodologia
- Alimentos = Conteúdos
- Cardápio = Currículo
- Cozinheiro = Professor
- Refeitório = Sala de aula
- Cada alimento tinha o seu tempo próprio para ser consumida = aula
- Servir os alimentos juntos = Interdisciplinaridade
- Nível de satisfação dos clientes não era muito boa = Indisciplina
- Avaliações do estado nutricional = Sistema de avaliação
- Subnutrição = Notas baixas

O objetivo do comparativo acima entre a Rede de Fast Foot e a escola tem como finalidade mostrar a urgente necessidade de se repensar a organização do espaço educativo nas escolas. Se os restaurantes podem nos ajudar nisso, então por que não imitá-los? Mãos a obra!

ESCOLA – Uma instituição parada no tempo
Para ajudar a repensar a escola vamos partir de três perguntas.
1)    Você sabe de tudo?
2)    Você precisa saber de tudo?
3)    Tudo o que te ensinaram você usa?
A resposta para estas três perguntas é “NÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!!
Então para começar a repensar a escola faz-se necessário rever os objetivos intrínsecos da educação.  Pelas respostas dadas às perguntas acima já deu para perceber que não precisamos saber tudo. Então, para começar a mudar a escola precisamos começar a rever o que realmente precisamos saber.  A educação  básica tem que valorizar mais os aspectos do SER, no sentido de desenvolver as qualidades humanas, aprender a ser gente, respeitar o próximo e saber conviver em sociedade de forma harmoniosa e cooperativa. O maior equívoco da organização escolar atual está em supervalorizar o conhecimento científico, objeto da cognição e da racionalidade, com sendo os saberes essenciais que precisam ser aprendidos. O aluno fica a maior parte do tempo confinado numa “cela de aula”, onde obrigatoriamente tem que aprender aquilo que o professor quer, mesmo contra a sua vontade, interesse ou motivação. Aqueles que gritam contra esse engessamento, porque não querem estar ali, ou queriam estar aprendendo ou fazendo outras coisas, são taxados de indisciplinados e excluídos do grupo. Convencionou-se que a aprendizagem tem que acontecer em dia e hora marcada, sob o controle e ritmo do professor.

DINÂMICA DIDAGÓGICA
Objetivo:
1.              Mostrar a importância do trabalho interdisciplinar na abordagem dos conteúdos curriculares, fazendo com que os professores percebam que os conteúdos brotam do cotidiano  e precisam ser compreendidos como sendo  experiência de vida vivida em seus múltiplos âmbitos de relacionamento.
2.             Mostrar a urgente necessidade de mudar a estrutura organizacional da escola. (A estrutura atual está parada no tempo.     
3.     O nome “DIDAGÓGICA”, nasce da junção das silabas das palavras DIDÁtico/pedaGÓGICA, pois a dinâmica pretende ser didática e pedagógica para atingir os seus objetivos.
Metodologia:
1.     A dinâmica consiste em fazer o grupo passar por uma experiência concreta de um restaurante que serve os seus alimentos de forma separada, conforme descrito do história da Rede de Fast Foot, acima.
2.     Cada alimento deverá ser servido separadamente, adotando-se uma metodologia análoga como são servidos os conteúdos em sala de aula pelos professores. (Incorporar o jeito de professor em todos os detalhes. Por exemplo: explicar a origem do alimento, para que serve, controlar a atitude dos alunos, etc)
3.     Pode-se organizar vários grupos e fazer o rodízio das cozinheiras de forma que cada cozinheira faça contato com cada grupo e sirva o seu alimento.
4.     O tempo de duração da experiência fica a critério dos organizadores.

5.     Após terem sido servidos todos os alimentos (sugere-se que sejam no mínimo 5 (cinco) tipos diferentes, correspondendo as cinco aulas de um dia) reunir o grupo para uma “Roda de Conversa”. Nessa roda de conversa o mediador disponibilizará a palavra para que os integrantes partilhem as suas sensações durante a experiência: Se foi bom?  Se gostou? Como se sentiu? Se os alimentos estavam bons? Se estava com fome? Se tinha vontade de comer? Se gosta mais ou menos de um determinado alimento? Etc. Se no decorrer a roda de conversa forem aparecendo as relações entre a dinâmica e a sala de aula, o mediador deve dar abertura para que o grupo ir formulando as sua conclusões. Caso contrário o mediador fará essa conexão.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário