terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A MATEMÁTICA DA EDUCAÇÃO

A Matemática da Educação

Por Maurino Prim

Considerando a educação escolar com início no Jardim I até a conclusão do Ensino Médio, temos um total de 14 anos de escolaridade. Se computarmos o número de horas/aulas que o aluno assiste durante este tempo, vamos chegar a um total de, aproximadamente, 14.600 aulas. Se calcularmos o número de dias em que o aluno vem à Escola, num calendário de 200 dias letivos, por ano encontraremos 2.800 dias. Considerando um recreio de 20 minutos, encontramos um total de 933 horas em que o aluno convive com os demais colegas durante os intervalos do lanche. Considerando, ainda, que o tempo antes do início das aulas, assim como também o tempo após término das aulas, também geram momentos de convivência, sem esquecer o tempo do deslocamento até a Escola, temos mais um número incalculável de horas em que o aluno convive com os demais colegas.

Ao longo desse tempo o aluno faz contato com um “N” número de Educadores; faz um “N ao quadrado” número de avaliações; participa de um “N ao cubo” número de reflexões que, através dos pitos, broncas, orientações, diálogos, olhares, gestos, conselhos e outras interações, vão formando, de forma lenta e gradual, o conjunto de atitudes e valores que irão moldar a sua convivência social.

Toda esta matemática não tem significado nenhum, se olhada meramente sob o prisma quantitativo. O valor do Ser Humano não pode ser mensurado a partir do número de dias, horas ou aulas que assistiu. Apenas sob a ótica qualitativa, que é capaz de dar uma visão sobre os aspectos morais e o conjunto de valores sociais incorporados é que se pode mensurar os resultados e a eficácia desses números.

Embora a quantificação não seja um parâmetro em si para avaliar o grau de educação de uma pessoa, precisamos compreender que é somente através dela que a educação se efetua. As pessoas aprendem através da experimentação, seja ela através do método empírico/dedutivo ou através das percepções intuitivas e subjetivas. Umas aprendem mais rápido do que as outras. Isso explica porque há pessoas que conseguem incorporar aprendizagens com apenas uma única experiência. Outras aprendem com um número pequeno de repetições. Já para outras faz-se necessária a repetição exaustiva até que consiga transformar o experimento em uma atitude ou um valor socialmente útil. Para validar o que acima foi exposto, convido a você que teve a oportunidade de ler esta reflexão, para tentar lembrar da sua experiência educacional o seguinte: 1) De quais aulas ainda é capaz de se lembrar ? 2) De quais educadores ainda guarda alguma lembrança ? 3) Qual foi o ato educativo mais importante e significativo para você ? Provavelmente irás encontrar alguma dificuldade de responder estas perguntas. Isso não quer dizer que as aulas e os professores foram insignificantes ou que não tenhas tido alguma experiência educacional interessante. Todas as aulas que você assistiu, todos os professores que você teve e todas as experiências educacionais por você vividas estão armazenadas no seu cérebro. Formam aí, junto com os demais estímulos experimentados ao longo da vida , o banco de dados que alimenta a sua subjetividade. Dão forma e consistência ao caráter e definem o seu perfil moral, cuja exteriorização se dá através das atitudes, gestos, maneira de ser, maneira de agir, enfim, formam a sua personalidade.

Disso resulta compreender então que a tarefa dos educadores, estejam eles na escola ou fora dela, nada mais é do que produzir momentos em que os educandos sejam levados a experimentar os conteúdos da ação educadora, a fim de que, cada qual, no seu ritmo, da sua maneira, possa se instituir e se construir como Ser Humano. Cabe uma indagação: Quantas vezes devemos repetir a ação educadora a ser incorporada pelo educando ? A única resposta possível, creio, seja esta: Tantas vezes quantas se fizer necessária. As pessoas não se educam em um único ato. A educação é fruto de um processo que vai ocorrendo de forma cumulativa na medida em que exercitamos e experimentamos os procedimentos socialmente necessários para uma convivência sadia, equilibrada e justa.

Para concluir poderíamos dizer que o processo educativo deve, necessariamente, ser balizado pela repetição, pela paciência, pela persistência, pela tolerância, pelo amor exigente, com limites, com respeito, com alteridade, com firmeza, com segurança, com justiça, com diálogo, com honestidade, etc, etc, etc. Agindo desta forma, a matemática da educação resultará em transformações subjetivas no mais profundo sentido de ser de cada um, cuja exteriorização será sentida através da maneira pela qual o indivíduo se resolve no meio social.
Prof Maurino Prim

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